?guardados Do Coração?
(Francisco Gregório Filho.)
QUem é contador de história ou quem é apenas ouvinte e admirador não pode perder esse livro QUe resume a oficina de formação de contadores organizada por essa figura tão carismática do Gregório. ?Dois avós que sempre foram contadores de histórias em casa depois de se aposentarem, constituíram um grupo de contadores de história. Com isso se engajaram na empreitada de incentivar a leitura contando histórias? A história da humanidade pode ser estudada e melhor entendida através de seus monumentos e objetos e também através de suas histórias. Temos em nosso convívio, histórias que não sabemos bem a origem e que chegam a nós por caminhos desconhecidos. Podemos também discutir até que ponto um relato de um fato real não é uma interpretação e as vezes tão ficcional quanto uma história de fantasia e criação. Além disso, alguns textos encontrados em mitos possuem realmente um tema que aparecem em várias culturas diferentes com apenas elementos regionais diferentes. A relação com Deus e o divino, a transmissão dos valores sociais e tradições, a origem dos objetos importantes para o desenvolvimento da comunidade, a relação com a natureza e fenômenos naturais, a relação com o outro do mesmo sexo e com o outro do sexo oposto, os ritos de passagem, isso tudo não é realmente algo que ficou no passado, mas sim algo que tem repercussão direta em nossa vida cotidiana. ? Para mim, vovó me entregou uma armação inglesa de óculos do bisavô, uma toalhinha de renda feita pela bisavó e ainda alguns documentos das histórias deles. Guardei-os em uma caixa com chave que ganhei de meu padrinho. E me emocionei quando vovó contou a história de cada um desses objetos; com memória privilegiada partilhou comigo detalhes dessas vivências? . A criação de objetos tem história como tinha história a criação do homem, do planeta, de uma planta ou de um animal. As casas tem cheiros, moradores, festas, doenças, mães, filhos, viúvos, avós, visitas.... Podemos a partir disso, por exemplo, contar uma história de mito de criação com uma história da invenção da máquina a vapor ou de como funciona determinado objeto. ?Achava interessante a incessante preocupação de meu avô em me envolver em suas investigação sobre volume. De uma das folhas de compensado, meu avô construiu um cubo de 30 cm (...) e nele punha objetos de vários tamanhos, cores(...) tudo isso para apreender os volumes pelo olhar, para encher as palavras de volume.? É exatamente esse o nosso segredo. O que precisamos é dar volume as palavras. Aliás se formos observar, pensamos em três dimensões e é isso que nos faz perceber certos pensamentos como muito reais. Os objetos são percebidos pelos órgãos do sentido pelo tato, cheiro, cores, sons... Para que possamos aprender a ler, é preciso primeiro aprender a dinâmica da linguagem que se da no desenvolvimento humano. É descobrindo sobre nosso tamanho, nossa massa ocupando um determinado espaço que podemos aprender a pronunciar as palavras com os seus respectivos volumes e conteúdos. ? Tirinhas de queijo de coalho mexidinhas no mel. Fatias de bolo molhadas com calda de frutas. (...) Vovó gostava de ensopar, molhar, banhar, dar calda e melar os pratos que servia? ?Coração duro merece mel, coração enxuto precisa de molho, coração seco necessita de calda? As histórias e conteúdos que iremos trabalhar precisam vir encharcadas de delírios, de imagens poéticas, de palavras achadas e guardadas em seu coração. A vida é recheada de sentidos e este ponto é fundamental quanto trabalhamos a relação de prazer de ler. Somos seres inseridos num contexto histórico. Somos uma cadeia de vida. Somos herança de nossos antepassados e podemos vivenciar isso em nosso corpo e em nossa tradição familiar. ?Possivelmente ficaria parecido com meu avô. Com meus avós, os dois. (...)Comecei a observar um e outro. Altura, estrutura óssea, formato de rosto, olhos, nariz, sorriso, semblante, pêlos do corpo (...)? ?Com qual gostaria de ser parecido?? Continuando a discussão sobre a hereditariedade e sobre a influência de costumes e de ações sociais, guardamos com isso a memória de nossos antepassados. Se pudermos parar para pensar, a lembrança que guardamos em nossa família de gerações, normalmente são de no máximos bisavós e trisavós, porém sabemos que em nossos corpos trazemos um elo que se reporta uma cadeia infinita de conexões. Para que estejamos vivos hoje, é preciso que milhares de pessoas estejam atrás de nós, vencendo pestes e guerras, fome e desastres. Nós possivelmente continuaremos essa cadeia através de filhos ou não. No momento em que não temos descendentes por opção ou não, se encerra um ciclo ou uma cadeia de histórias e de vida. Observar sobre as semelhanças com nossos antepassados e procurar a relação com outras fatos que marcam a história de nossa existência isso contribui para uma ampliação de horizontes a respeito de nossa passagem pelo mundo.
Resumos Relacionados
- Bisa Bia, Bisa Bel
- “contadores De Histórias”
- Você Cuida Bem De Sua Memória?
- O Ministério Da Saúde Adverte: Contar Histórias Faz Muito Bem à Saúde
- "ser Autor Da Sua História"
|
|