Arianos
(Rui Arts)
Arianos A palavra ariano, ao referir-se a um grupo étnico, tem várias significações. Refere-se, mais especificamente, ao subgrupo dos indo-europeus, que se estabeleceu no planalto iraniano desde o final do terceiro milénio a.C. e que povoou a Península da Índia por volta de 1500 a. C., vindo do norte, pelo Punjabe, disseminando-se pela Índia, Pérsia e regiões adjacentes. Estes são também chamados de árias. A sua cultura ficou particularmente expressa nos Vedas e, principalmente, no Rig Veda, considerado como o mais antigo. Por extensão, a designação "arianos" (não o termo "árias") passou a referir-se a vários povos originários das estepes da Ásia Central - os Indo-europeus - que se espalharam pela Europa e pelas regiões já referidas, a partir do final do neolítico. O termo designa ainda os descendentes dos indo-europeus que fundaram a civilização indiana, subjugando as populações locais, dando origem ao sistema de castas e, mais especificamente, às castas dominantes dos Brâmanes, xátrias e vaixás. O termo refere-se, também, na História das Línguas, ao proto-ariano ou proto-indo-iraniano, que teria sido o ramo linguístico comum aos antepassados dos povos indo-áricos e iranianos e aos dois grandes subramos linguísticos a que terá dado origem, ou seja, às línguas indo-áricas e às línguas iranianas. Estes dois subramos são, também por extensão, designadas de línguas arianas, árico ou indo-iraniano. Pode ainda referir-se, especificamente, aos grupos linguísticos actualmente conhecidos como proto-indo-europeu, proto-indo-iraniano e indo-iraniano. em tempos, também se utilizou o termo para designar todas as línguas indo-europeias. O termo ganhou outro significado com a ideologia nazi que, baseando-se em teorias de vários autores do século XIX, o usou para classificar uma suposta raça comum aos indo-europeus e aos seus descendentes não miscigenados com outros povos. Deve-se a este facto a vulgar confusão que identifica arianos com os povos nórdicos e, mais especificamente, germânicos. // Etimologia A palavra ariano tem origem no latim ari?nus (ari?na, ari?num), referindo-se à região da Ária. Esta região, designada por Ar?a ou Ari?na em latim, corresponderia à parte ocidental da Pérsia ou da Ásia, e deve o seu nome à adaptação dos termos gregos Areía ou Aría que, por sua vez, remontam aos radicais persas ariya- ou ao avéstico airya- que se referem a povos invasores e dominantes que mantinham, contudo, solidariedade étnica em relação aos povos dominados, considerados "bárbaros". A forma Ary?na-, do Persa Antigo aparece depois em avéstico como Æry?nam Väej?h ("Território dos arianos")<1>; em Persa médio como ?r?n, e no Persa Moderno como ?r?n<2>, que deu origem, em português, a Irão ou Irã. De modo semelhante, a Índia setentrional já foi designada em tempos antigos pelo vocábulo composto (tatpurusa) Aryavarta "Arya-residência". O termo Indo-ariano ar-ya- provém do Proto-Indo-Europeu ar-yo-, um termo formado pela adjectivação com a partícula yo- da raiz ar que significa "juntar com perícia", tal como aparece no grego harma, que significa "carro" ou na raiz aristos, (de onde provém "aristocracia"), ou as palavras latinas ars (arte), etc. O Proto-indo-iraniano ar-ta- está relacionado com o conceito de algo "articulado de forma adequada", relacionado com uma visão religiosa de ordem cósmica. Já se sugeriu que o adjectivo *aryo- remontava aos tempos Proto-Indo-Europeus, onde era usado como auto-designação dos falantes desta língua. Sugeriu-se, mesmo, que outras palavras como Éire, o nome em Gaélico Irlandês para Irlanda, ou a palavra alemã Ehre ("honra") estavam relacionadas com esta palavra, mas tal hipótese é, hoje, considerada insustentável. De facto, se o Proto-Indo-Europeu ar-yo- é, sem dúvida, um vocábulo qualificador perfeitamente aceitável, não existe evidência consensual de que tenha sido utilizado como auto-designação por outros grupos étnicos independentes do ramo Indo-Iraniano. Na década de 1850, Max Müller avançou com a hipótese de que a palavra se referia a populações que se dedicavam à agricultura, já que supunha que houvesse relação com a raiz Proto-Indo-Europeia arh que significa "lavrar a terra". Outros autores do século XIX, como Charles Morris, voltaram a defender esta ideia, relacionando-a com a expansão da agricultura que é frequentemente ligada à expansão dos povos indo-europeus. Muitos dos linguistas da actualidade rejeitam esta possibilidade. Ainda nos dias de hoje, os Arménios auto-designam-se como Aryaee, ou Arianos (com conotação racial de "sangue puro").<3> O termo ariano era já utilizado na Língua Portuguesa, em 1601, para se referir ao grupo étnico. Em 1794 já se encontram documentos onde a palavra tem uma acepção valorativa, referindo-se a "nobres" ou "superiores" - de facto, o sânscrito ?rya designava as três primeiras classes étnicas consideradas "veneráveis" ou "excelentes". Em 1847 é já usado no âmbito da linguística, identificando-se com o indo-europeu. Semântica do sânscrito arya De acordo com Paul Thieme (1938), o termo Védico arya-, no seu uso original, refere-se a "estrangeiros", mas "estrangeiros" que são potencialmente "convidados" - isto é, com os quais se estabelece uma certa solidariedade étnica, em oposição aos "bárbaros" (mleccha, dasa) e seria a auto-designação étnica dos Indo-iranianos. Arya é o oposto directo de Dasa ou Dasyu no Rigveda (e.g. RV 1.51.8, ví j?n?hy âry?n yé ca dásyava? "Discerni bem, ó Aryas e Dasyus"). Esta situação é comparável ao uso do termo "Helénico" na Grécia Antiga. A interjeição do indo-árico médio ar?!, r?!, que corresponderá ao português "Tu aí!" ou "Você aí!" deriva do vocativo arí! "estrangeiro!". O dicionário sânscrito Amarakosha (cerca de 450 d.C.) define Arya como mah?kula kul?n?rya - "pertencente a uma família nobre", sabhya - "tendo modos gentis e refinados", sajjana - "bem-nascido e respeitável", e s?dhava "que é virtuoso, honrado e recto". No Hinduismo, os Brâmanes, Xátrias e Vaixás iniciados na religião Hindu eram arya, um título de honra e respeito devido a certas pessoas pelo seu nobre comportamento. A palavra é ainda usada por Hindus, Budistas, Jainistas e Zoroastristas, querendo significar "nobre" ou "espiritual". Indo-Iraniano Ver artigo principal: Indo-iranianos. Pela designação de Indo-iranianos referimo-nos aos dois principais ramos étnicos e linguísticos a que a palavra "ariano" se poderá, com maior propriedade, referir: aos Indo-arianos e aos Iranianos, ainda que se incluam também os povos Nuristani e Dardos. A cultura Proto-indo-iraniana terá tido o seu início em cerca de 2500 a.C.. Se considerarmos a palavra "ariano" neste sentido, estaremos a referir-nos às culturas que precedem a Védica e o Avéstico. Supõe-se que os complexos arqueológicos de Andronovo e de Srubnaya tivessem sido povoados por Indo-iranianos. A Teoria da Urheimat Indiana e a Teoria Nórdica têm também sugerido a Índia e o Norte da Europa como local de origem (Urheimat) desta cultura. A língua proto-indo-iraniana evoluiu dando origem às línguas indo-iranianas, das quais as mais antigas são o sânscrito védico, o avéstico e outra língua indo-iraniana que se conhece apenas devido a vestígios vocabulares no dialecto Mitanni. Indo-arianos Os indo-arianos ter-se-ão instalado na Bactriana, a sudeste do actual Uzbequistão e a norte do Afeganistão, deixando a sua marca na chamada "Civilização do Oxus" ou "Civilização bactro-margiana", da Idade do Bronze, datada de 2200 a.C. a 1700 a.C. A partir daqui, ter-se-ão associado à cultura védica. Designados como arianos védicos, supõe
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