Mesoamérica Parte V
(Rui Arts)
Politeísmo O aumento do número de divindades mesoamericanas deu-se graças à incorporação de elementos ideológico-religiosos novos na religião primitiva (cujas divindades eram Fogo, Terra, Água e Natureza) como as divindades astrais (Sol, estrelas, constelações, Vénus) e suas representações em esculturas antropozoomórficas, antropomórficas, zoomórficas ou formas de objectos quotidianos. As qualidades dos deuses bem como os seus atributos mudaram através dos tempos e da influência cultural de outros grupos mesoamericanos. Deuses que são três entes cósmicos diferentes e ao mesmo tempo um só. A religião mesoamericana tem uma outra característica importante: a existência de dualismo entre as divindades, com o enfrentamento entre pólos opostos: positivo, exemplificado pela luz, o masculino, a força, a guerra, o sol, etc.; e o negativo, as trevas, o feminino, o sedentarismo, a paz, a lua, etc. Sistema dualista de pensamento Entende-se por pensamento dualista a capacidade dos indígenas em pensar os contrários de um modo único, estando este modo de pensamento patente quer na religião quer na política, nas crenças populares e nos comportamentos quotidianos. Este tipo de pensamento nasceu da sobreposição entre os nahuas e os autóctones da Mesoamérica, isto é, duma fusão cultural entre ambos. Existem inúmeras manifestações deste tipo de pensamento, mas apenas se considerarão as mais representativas: o nagualismo e o jogo da bola. Nagualismo Entende-se por nagualismo a capacidade do ser humano em encarnar um aspecto animal ou a prática do nahual. Esta palavra designa a encarnação animal de um homem ou ainda o homem que tem o poder de encarnar-se nesse animal, mas no fundo esta crença é a afirmação de que se pode ser homem e animal ao mesmo tempo. Ao contrário do totemismo, que tem um valor colectivo, é algo estritamente individual. Existem naguales muito conhecidos como o jaguar ou a águia, mas também de animais mais modestos como o xoloitzcuintle, o armadilho, o tlacuache, etc. Dentro da arte pré-hispânica, o nagualismo é interpretado de diversas formas, sendo a primeira delas pouco inteligível para nós, uma vez que se tem a impressão de estar frente a um armadilho ou a um jaguar, mas na realidade o que é representado é um nagual de um deus ou de um soberano. A segunda forma apresenta-se mais directa, o homem e o seu duplo apresentam-se juntos, como uma só criatura antropozoomórfica, isto é, com uma parte de humano (a cabeça, os braços) e uma parte animal (patas, bico, cauda, etc.). O nagualismo é uma ideia típica da Mesoamérica, a qual designa exclusivamente a relação homem-animal. Jogo de bola O jogo de bola é um dos rasgos culturais mais importantes da Mesoamérica. Não se tratava de um desporto ainda que pelo seu nome seja muitas vezes entendido como tal. Deve ser entendido como um ritual e o terreno em que se jogava está sempre situado em centros cerimoniais. Este jogo tinha uma essência cósmica, estando relacionado com o movimento do sol e do universo, movimento este representado com o auxílio de uma bola, feita de borracha endurecida, extraída da seiva de uma figueira; este material era escolhido pelas suas características elásticas. Existiam muitas regras neste jogo, variáveis de região para região. Em alguns lugares só se podia jogar com as mãos, noutros com a cintura e com os cotovelos ou ainda apenas com um bastão. Para cada tipo existiam diferentes tipos de campo: um com paredes laterais inclinadas para que a bola ressaltara à altura da cintura, outro com o solo removido. De um modo geral, todos os campos tinham uma forma de I e nas extremidades podiam ser vistas cabeças de aves, como em Copán ou grandes aros pelos quais tinha que passar a bola, como em Xochicalco. O jogo da bola terminava com um sacrifício humano, não se sabendo se o sacrificado era o capitão da equipa ganhadora ou aquele da perdedora; na maioria dos casos tratava-se de prisioneiros deguerra. Magia e lógica Medicina Relativamente ao saber mesoamericano, este pode ser visto segundo dois eixos principais: o espírito mágico e o espírito lógico, os quais, ainda que distintos, coexistiam. No âmbito da medicina, existiam duas escolas: uma de tradição xamânica, entendendo por xamã um sacerdote curandeiro que se ocupava de certas enfermidades, a mais frequente das quais era a perda da alma. Com vista à recuperação dos seus pacientes, o xamã recorria à utilização de vários psicotrópicos (peiote, tabaco, feijões vermelhos carregados de mescalina) e às manipulações mágicas (encantamentos, oferendas). A outra medicina baseava-se num saber pragmático. Na Mesoamérica existiam curandeiros que sabiam tratar as fracturas, curar e fechar feridas; eram inclusivamente praticadas algumas intervenções obstétricas.
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