Mesoamérica Parte Iv
(Rui Arts)
Características da civilização mesoamericana Ao delimitar geograficamente a área mesoamericana, Paul Kirchoff propõe também uma série de características que definem as culturas desta região e que são comuns a todas elas. Entre estes traços culturais sublinha o uso de dois calendários (um ritual de 260 dias e outro de 365 dias), um sistema de numeração de base vinte e a escrita pictográfico-hieroglífica, o sacrifício humano, o culto a certas divindades (em que sobressaem os cultos às divindades da água, fogo e a Serpente Emplumada, entre outros. Apesar de Paul Kirchoff haver dado uma definição geral da Mesoamérica, actualmente aquela vai mais além de simples critérios materiais (cultivo do milho, utilização do algodão, politeísmo, etc.), e inclui aspectos culturais que tem as suas raízes nas primeiras sociedades sedentárias da região. Christian Duverger argumenta que o expoente máximo da civilização mesoamericana foi a civilização mexica. No entanto, esta afirmação tem sido contestada por outros autores (como López Austin, López Luján e Florescano), os quais sustentam que a civilização mesoamericana é o resultado da participação de múltiplos povos com crenças diferentes. Apesar da diversidade étnica, a Mesoamérica alcançou um grau de relativa homogeneidade graças aos contactos existentes entre as diferentes regiões por meio de trocas comerciais ou campanhas militares. Calendário de 260 dias O calendário de 260 dias, cuja aparição remonta a 1200 a.C., reflecte a evolução do costume de medir o tempo, não só para saber em que dias semear, que celebrações religiosas celebrar, ou como se movimentam os astros, mas também com fins divinatórios. Os nomes utilizados para identificar os dias, os meses e os anos no mundo mesoamericano têm origem, em grande parte, na visão mágico-religiosa que os habitantes da Mesoamérica tinham do meio natural em que estavam inseridos no período pré-clássico: animais, flores, os astros e a morte. Este calendário está presente em todas as zonas culturais da Mesoamérica. Códice Nuttal (mixteca). Todos os povos da antiga Mesoamérica desenvolveram sistemas de escrita. No entanto, uma vez que a sua natureza é completamente diferente da escrita fonética ocidental, muitos linguistas não a consideram como uma verdadeira escrita. Escrita glífica A escrita glífica e o seu estudo têm passado por diversas etapas. Desde os primeiros estudos discute-se se o sistema glífico mesoamericano (excluindo o sistema maia) é evidência de um sistema de sinais que expressavam ideias, principalmente religiosas não utilizando a fonética. Relativamente ao uso de elementos pictográficos e sua relação com os ícones, a escrita mesoamericana sempre conteve uma grande variedade de significados, não apenas uma visão artística, mas também religiosa e cultural. Os glifos incluem personagens, animais, topónimos, entre outros, que estão presentes em todas as culturas mesoamericanas, incluindo Teotihuacan, onde as imagens são belas e artisticamente elaboradas. Predominam os glifos pictográficos e ideográficos. A utilidade da escrita entre os mesoamericanos foi variada: serviu para permitir a interpretação de sinais enviados pelos astros relativamente ao nome e destino das pessoas, ou para explicar os mitos e histórias dos povos, que eram plasmados nos glifos, quer em pedras quer em manuscritos. Este trabalho era feito pelos sacerdotes, sendo eles os únicos capazes de entender as imagens. No entanto, o uso da escrita como forma de legitimar o poder dos governantes foi talvez o mais importante. A escrita mesoamericana foi uma escrita exibida em monumentos públicos, pinturas murais, estelas e estruturas piramidais, que davam a todas as pessoas comuns uma explicação simples do poder dos seus senhores, como se de propaganda se tratasse. Oferendas à terra O enterramento de ricas oferendas dadas à terra, nos centros cerimoniais, tem a sua origem no início da sedentarização de grupos outrora nómadas. Os espaços cerimoniais e seculares eram delimitados, como forma de estabelecer uma ordem cósmica na terra, que justificava o domínio das classes governantes sobre a restante sociedade.
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