Mesoamériaca Parte Ii
(Rui Arts)
Áreas culturais Denominam-se áreas culturais as regiões habitadas por povos que partilham vários elementos em comum, seja pela sua ausência ou presença nos sistemas culturais. Isto não significa que todos os povos agrupados numa mesma área cultural constituam uma unidade étnica: em muitos casos, nem sequer partilham o mesmo idioma. Este facto não obsta a que possa existir interação entre eles, quer em virtude das suas relações políticas, comerciais ou por simples contiguidade geográfica. Segue-se uma caracterização sumária das diferentes áreas culturais do México, baseada no Atlas del México Prehispánico (2000), e no Atlas Histórico de Mesoamérica (Manzanilla y López Luján, 1989). > México Central Panorâmica do vale de Teotihuacan, México Central. Uma das áreas mais importantes durante a história pré-hispânica do México, foi a que se conhece como México Central. Esta área é constituída pelos vales temperados a frios situados na parte meridional do planalto mexicano e a norte da bacia do rio Balsas. Trata-se de um nicho ecológico caracterizado pelo seu clima temperado e pela ausência de cursos de água importantes. As chuvas, por outro lado, ocorrem entre os meses de Abril e Setembro, não sendo demasiado abundantes. Este facto motivou o desenvolvimento, desde muito cedo, de obras hidráulicas, entre as quais se encontram a canalização de rios e os sistemas de levadas nas encostas dos montes. O vale de Tehuacan, localizado a sudeste desta região é importante porque dele procedem os vestígios mais antigos do cultivo do milho bem como algumas das amostras da cerâmica mais antiga da Mesoamérica. O México Central inclui ainda, a bacia lacustre do vale do México, composta por vários lagos e lagoas. Em redor do lago Texcoco cresceram povoamentos tão importantes como Cuicuilco no período pré-clássico; Teotihuacan no clássico e Tula e Tenochtitlan no período pós-clássico. > Área Maia A Área Maia é uma das maiores da Mesoamérica. Alguns autores dividem-na em dois sectores: a península do Iucatão, a norte, e as Terras Altas, no sul. A primeira engloba, além da península iucateca, a região de Petén e o Belize. Trata-se de uma zona de terras baixas e clima quente, fustigada pelos furacões e tempestades tropicais provenientes do Mar das Caraíbas. Em termos geomorfológicos esta região é uma plataforma calcária, elevada apenas em direcção a sul, onde os Montes Maias rompem a planura da paisagem. Carece de cursos de água superficial, pois o solo é demasiado permeável, sendo abundantes os cenotes. Por outro lado, as Terras Altas englobam os Altos de Guatemala e os Altos de Chiapas. É uma região de clima temperado frio, com chuvas abundantes. As encostas das montanhas encontram-se cobertas por uma vegetação espessa a qual ameaça o desenvolvimento da agricultura. As Terras Altas não estão menos expostas aos ciclones tropicais, que com alguma frequência provocam danos na zona. Os primeiros desenvolvimentos culturais importantes desta região ocorreram na sua parte sul. A primeira cerâmica, oriunda da localidade de Cuello no Belize, parece indicar que o desenvolvimento da olaria na Área Maia derivou das tradições sul-americanas. Séculos mais tarde, desenvolveram-se os primeiros centros populacionais que haveriam de converter-se em cidades no período clássico. Entre elas destacam-se Kaminaljuyú e Tikal. Esta última havia de tornar-se a maior das cidades maias entre os séculos III e VIII d.C. A decadência e abandono das grandes cidades maias ficou a dever-se a uma combinação de factores: guerras internas, desastre ecológico, mudança climática, migrações provenientes do norte da Mesoamérica. Desta forma, o coração da cultura maia transferiu-se para as terras do Iucatão. Nesta região floresceriam as cidades tardias de Chichén Itzá, Uxmal e Tulum, entre muitas outras, e que na realidade eram pequenos estados hostis entre si. Oaxaca A região de Oaxaca foi desde a época mesoamericana uma das mais diversas. Trata-se de um território extremamente montanhoso, limitado pela Sierra Madre del Sur e pelo escudo Mixteco. Inclui uma porção da bacia do rio Balsas, caracterizada por sua secura e relevo complicado. Nesse sentido, parece-se bastante à região do México Central. Foram dois os cenários principais da história cultural dos povos de Oaxaca. Por um lado, os vales centrais de Oaxaca viram surgir o desenvolvimento da cultura zapoteca, uma das mais antigas e conhecidas no âmbito mesoamericano. Esta cultura desenvolveu-se a partir dos vários caciquismos regionais que controlavam a terra de cultivo (muito fértil, ainda que demasiado seca) dos pequenos vales de Etla, Tlacolula e Miahuatlán. Alguns dos primeiros exemplos de grande arquitectura na Mesoamérica pertencem a esta região, como o centro cerimonial de San José Mogote. A hegemonia deste centro cerimonial na região dos vales passou depois para Monte Albán, a capital clássica dos zapotecos. A queda de Teotihuacan no século VIII permitiu o apogeu da cultura zapoteca.
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