Historia De Roraima Parte Ii
(Rui Arts)
Século XIX: a família real e a estagnação econômica Em 1808 a família real portuguesa mudava-se para o Brasil, numa fuga de Napoleão Bonaparte e o exército francês. Estabelecidos na sede da colônia, os nobres enfrentaram problemas de adaptação com o novo lar. A preocupação passou a ser a criação de condições mínimas para que a realeza vivesse de forma luxuosa e confortável naquele país, da forma como vivia nas terras européias. Assim, o sul da colônia cresceu rapidamente enquanto o Norte e a Amazônia ficaram desassistidos e abandonados. Mesmo com o abandono, o Forte São Joaquim, tido como a sentinela da soberania portuguesa, manteve-se erguido por mais de um século. Nesse meio-tempo foram várias as vezes que os soldados lusitanos lutaram contra invasores estrangeiros. Abaixo uma lista dos comandantes do prédio no decorrer da história. Capitão Nicolau de Sá Sarmento (1787) Capitão Inácio Magalhães (1830) Capitão Ambrósio Aires (1835) Capitão José Barros Leal (1839) Major Coelho (1842) Capitão Bento Brasil (1852) Cabo Pedro Rodrigues (1899) A questão do Pirara se algum dos soldados que defendiam a soberania portuguesa na região do vale do rio Branco fosse questionado quanto aos mais resistentes invasores enfrentados, ele certamente apontaria os ingleses. A disputa entre partes do território luso-brasileiro entre Portugal e Inglaterra foi além de combates e invasões, envolveu a diplomacia internacional, a advocacia e vários anos sem uma definição final. Entre 1810 e 1811 soldados ingleses penetraram na região. O comando do forte os recebeu cordialmente, impendindo-lhes, no entanto, de prosseguirem sua missão de invasão. O alemão Robert Schomburgk que, apesar da nacionalidade, trabalhava para os anglófonos, foi em 1835 à região a título de fazer um levantamento acerca da geografia física da Guiana interiorana. Enviou a Londres relatórios denunciando a quase inexistente soberania portuguesa no que hoje chama-se Roraima. Sugeriu que a Inglaterra ocupasse algumas áreas, e em alguns casos permanentemente. A corte inglesa e a opinião pública receberam bem o relatório e foi enviado o missionário protestante Thomas Yound. Yound ficou na região do Pirara catequizando índios para a religião e para o domínio britânico, ele ensinou ainda o idioma daquele país e hasteou a bandeira inglesa em solo brasileiro. O presidente da província do Pará General Soares de Andréia ordenou que o comandante do Forte Capitão Ambrósio Aires e frei José Santos Inocentes intimassem o missionário pessoalmente a retirar-se da região. Ele, por sua vez, cumpriu as exigências, mas levou junto a si os índios que outrora haviam sido por ele catequizados. A tentativa de domínio da região por parte dos ingleses não acabou aí, e, a partir de 1840 iniciou-se um grande conflito que envolveu até mesmo reis europeus e tribunais internacionais. Nessa data o germânico Schomburgk desenhou um mapa que continha a região do Tacutu, do Mau e até do Surumu, mostrando que era ocupada por "tribos independentes", e enviou-o para Londres. Indicou uma nova fronteira entre as terras brasileiras e as terras da atual Guiana, tendo como limites os rios Cotingo e Surumu. A carta impressionou a opinião pública britânica, que passou a exigir que as sugestões do alemão fossem acatadas pelo governo inglês. A presença brasileira na fronteira era fraca devido ao descaso da família real, no entanto o governo paraense protestou em Belém diante o cônsul inglês, e o governo do Brasil protestou na capital britânica pelo embaixador brasileiro. Os protestos fizeram o governo inglês recuar, retirando os marcos provisórios já colocados na região, mas não desistiu. Em 1842 foi recebida em Londres uma recomendação brasileira para que a área de disputa (a região do Rupununi) fosse neutralizada. A Inglaterra concordou, mas não recusou seus direitos: aceitou a neutralização apenas com a inclusão das áreas do Cotindo edo Mau. Essa disputa diplomática se prolongou até 1898, final do século XIX, até que o Brasil acatou a proposta dos anglófonos de submeter a questão ao governo italiano que atuaria como árbitro. Joaquim Nabuco foi o indicado brasileiro para acompanhar o julgamento, que seria feito pelo rei italiano Vitório Emanuel III. Nabuco aprofundou-se na causa, argumentando de forma prima sobre a supremacia dos lusófonos na região. Foram dezoito impressionantes volumes de material argumentativo desenvolvido pelo pernambucano. Em 1904 a decisão foi tomada pelo rei italiano: 19.630 km² seriam retirados do Brasil e entregues à Inglaterra (somando territórios para a Guiana), definindo assim, os limites da fronteira. Apesar disso os argumentos de Nabuco não foram em vão, haja vista que não fossem estes, a área perdida seria quase que o dobro, estabelecendo assim, um saldo devedor eterno dos roraimenses para com Nabuco. Nasce Boa Vista Boa Vista: Avenida Jaime Brasil de 1924. Segundo os dados de 1887 a população de Boa Vista era de mil habitantes<1>. Em 9 de julho de 1890 o governador amazonense Augusto Ximeno de Ville Roy criou o município de Boa Vista do Rio Branco (hoje simplesmente "Boa Vista"), acreditando que assim incentivaria o crescimento da região do vale do rio Branco. Outra atitude que contribuiu para o desenvolvimento da região foi a construção de uma picada ligando Boa Vista à Manaus, picada essa que transformar-se-ia numa das principais rodovias da região, a BR-174. A ordem da construção foi dada pelo governador amazonense Eduardo Ribeiro e foi executada pelo cidadão Sebastião Diniz. Século XX: Nasce o Território Federal Em 1943 o então presidente da República Getúlio Vargas criou cinco novos territórios federais (dos quais dois foram renomeados (Guaporé tornou-se Rondônia), dois foram extintos em 1946 - Território de Ponta Porã e Território do Iguaçu, e um em 1988) Fernando de Noronha, que se somaram ao único até então existente, o Acre. O atual estado de Roraima denominava-se "Território Federal do Rio Branco". Esse fato fez que a região passasse a ser um pouco mais assistida. Criou-se a Divisão de Produção, Terra e Colonização (DPTC), que realizava pesquisas quanto aos recursos naturais do território, cadastrava terras e organizava colônias agrícolas, entre outras funções. Primeiros atos do governo: Construção de cinqüenta e duas residências no Centro da capital; Construção dos grupos escolares Lobo D''Almada, Osvaldo Cruz, Professor Diomedes e Afrânio Peixoto; Instalação do Curso Normal Regional Monteiro Lobato, que preparava professores, e o Ginásio Euclides da Cunha; Constituição da Legião Azul para preparar o terreno da estrada de Mucajaí a Caracaraí; Criação das três primeiras colônias agrícolas do Território: Coronel Mota (no Taiano); Braz de Aguiar (no Cantá); Fernando Costa (em Mucajaí) Para que as colônias acima fossem povoadas, foi feito um grande "pacote" para os imigrantes maranhenses, que contava com: Passagem para Boa Vista; Hospedagem na capital durante a adaptação; Vinte e cinco hectares de terra; Ferramentas agrícolas, sementes e mudas, mosquiteiros, remédios, assistência médica e assistência técnica permanente; Conjunto mecanizado para a produção de farinha de mandioca; 30 mil cruzeiros por seis meses. Durante as décadas de 1960 e 1970, os militares ampliam a infra-estrutura dando suporte para que empresários e trabalhadores se estabeleçam na região. O garimpo ? o tema será explicado de forma mais detalhada mais abaixo ? também ganha impulso em meados de 1980, e Roraima passa por seu momento de explosão populacional máxima. Na última década de território federal, foram abertas pelo Governo Federal duas estradas federais, a BR-174 e a BR-210. Ao longo destas foram implantados projetos de colonização às dezenas. Havia, em 1982, 42 colônias agrícolas em fase de implantação. As es
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