Resumo de O Guarani - José de Alencar

O Guarani - uma obra-prima de José de Alencar - não relata apenas o idílio amoroso entre Peri, o silvícola, e Ceci, a filha ingênua de D. Antônio de Mariz. Ele trata, também, do ponto de vista étnico, da miscigenação de duas raças, a indígena e a branca, as quais resultariam no surgimento de um terceiro elemento étnico em nosso Brasil quinhentão e fração: o mameluco. No final do romance há uma cena "sui generis" que retrata, simbolicamente, a unificação destas duas raças: Peri e Ceci apoiados sobre um tronco de árvore e submersos às aguas de uma grande enchente são impulsionados para um lugar ao acaso, para as amplidões sem fim das terras brasílicas. Acrescido à questão étnica, pode-se dizer, por outro lado, que o processo de aculturação européia também se fez, uma vez que para salvar Ceci das garras do inimigo Aimorés (há ao longo do romance a descrição de uma batalha entre a tribo Aimoré e a família de Ceci), D. Antônio de Mariz propôs a Peri que ele se batizasse conforme os costumes da religião católica vigente na época. Batizado, só restava ao bravo índio a árdua tarefa de defender aquela a quem ele tanto idolatrava e que tantas vezes pôs sua vida em risco para protegê-la, como é o caso por exemplo, do episódio em que ela lhe pede, infantilmente, que ele lhe trouxesse uma onça. Ele responde à altura: traz o felino para casa da jovem enamorada. A história de amor entre eles, do ponto de vista romântico, retrata, profundissimamente, a temática da idealização: o amor é capaz de superar qualquer coisa, inclusive a morte. Disto resulta a retórica do "morrer de amor", temário tão abrangente na vasta literatura que trata da questão da gramática amorosa. Neste contexto romântico de idealização, o autor vê o mundo não como ele é e sim como ele gostaria que ele fosse, por conseguinte, nos transporta para esta região de sonho e de fantasias imorredouras. Não importa quão grande sejam as peripécias por que passam as personagens Peri e Ceci na tessitura da intriga alencariana, ao final de cada mudança repentina de situação, o amor vence sempre e, a partir daí, a relação amorosa passa a ser um sinal de igual na equação da vida deles. Dois séculos nos separam do momento em que José de Alencar teve a inspiração para escrever "O Guarani" para retratar a questão do idílio amoroso de Peri com Cecí, da miscigenação étnica e do processo de aculturação proposto pela civlização européia; todavia, a obra é ainda atual e deve ser lida a qualquer átimo de nossas emoções e divagações interiores.

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