Airbus Da Tam Estava Com Reverso Desligado
(Rui Arts)
Airbus da TAM estava com reverso desligado SÃO PAULO - O Airbus 320, prefixo MBK, que explodiu em Congonhas teve problemas para pousar no mesmo aeroporto um dia antes do acidente com o vôo 3054, que levava 186 passageiros e matou cerca de 200 pessoas na terça-feira. No pouso, o vôo 3215, que saiu de Confins (BH) e pousou em São Paulo às 13h48m, parou no limite da pista. Segundo o Jornal Nacional, a aeronave estava com o reverso direito desligado desde o dia 13 passado. A TAM afirmou à TV Globo que o manual do fabricante recomenda que a revisão do problema seja feita em até 10 dias. De acordo com a reportagem do Jornal Nacional, o problema no reverso tinha sido detectado pelo próprio sistema de checagem eletrônica da aeronave. Antes da trágica tentativa de pouso, a pista de Congonhas havia ficado 23 minutos fechada por conta da chuva e foi liberada 1h20m antes da chegada do Airbus. O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, e o vice-presidente técnico da empresa, Rui Amparo, confirmaram a informação. Segundo Amparo, para a Airbus, o problema apresentado pela aeronave não é impeditivo de vôo desde que a revisão seja feita em 10 dias . O vice-presidente da TAM disse ainda que o livro de bordo do avião não registra, na segunda-feira, "nenhuma pane grave". O travamento do reverso direito da turbina explicaria o fato de o avião ter apresentado um deslocamento à direita depois de pousar na pista de Congonhas, em velocidade e no ponto correto. O deslocamento foi constatado nesta quinta em perícia feita pela Aeronáutica na pista principal de Congonhas. " Na sexta-feira, houve reporte de mau sinal do reverso direito. Mas, pelo manual, ele poderia voar " No vôo 3215, de segunda-feira, o comandante teria dito à Torre de Controle de Congonhas que a pista estava escorregadia, mas não citou problemas técnicos. As aeronaves têm três tipos de freio. Um deles é de roda, outro é aerodinâmico (flaps) e o terceiro é o reverso, que inverte a pressão da turbina. O reverso auxilia na frenagem. Na pista curta e molhada por conta da chuva, poderia ter ajudado a evitar que a aeronave escapasse da pista. Ou ser decisivo para que isso acontecesse. Na sexta-feira passada, um sinal no painel da aeronave já indicava o mau funcionamento de um dos reversos. - O avião passou por revisão há três meses e não apresentou pane significativa. Na sexta-feira, houve reporte de mau sinal do reverso direito. Mas, pelo manual, ele poderia voar até mesmo sem os dois reversores - disse Amparo. Carlos Minelli Sá, vice-presidente de Operações da Infraero, confirmou o pouso difícil da aeronave em Congonhas, na segunda-feira, no vôo 3215, vindo do aeroporto de Confins, em Minas Gerais, um dia antes do acidente. O comandante registrou para a torre de controle que a pista estava escorregadia. A informação de problemas no avião reforça a tese de que o acidente possa ter sido causado por falha no aparelho, apesar de a pista principal de Congonhas ainda não ter o sistema de grooving, que drena a água e ajuda a evitar derrapagens. Apenas as informações da caixa preta da aeronave e as investigações das autoridades deverão concluir se o travamento do reverso foi ou não a principal razão para o acidente ou apenas mais um item a a se juntar no leque se condições que resultaram na maior tragédia da aviação brasileira. Airbus se deslocou à esquerda O chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, informou nesta quinta depois da perícia que o Airbus se deslocou para a esquerda depois do pouso e isso é fato concreto, pois deixou marcas na pista. Segundo ele, ainda não há informação suficiente para determinar a causa da tragédia. O chefe do Cenipa argumentou que o deslocamento pode ter sido provocado por problemas na própria aeronave, entre eles "alterações no reverso da aeronave" e diferenças no acionamento do freio. Mesmo assim, ele acredita que a pista principal só deva ser usada seca ou, no máximo, úmida, até que sejam apuradas as causas do acidente. Kersul Filho afirmou ainda que a caixa preta do Airbus da TAM seguiu para os Estados Unidos nesta quita-feira, por conta de ter sido avariada, e até terça-feira o Cenipa espera ter alguma informação sobre o conteúdo gravado, de voz e dados. As equipes americanas devem trabalhar durante todo o fim de semana para apressar os resultados. Em Brasília, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, eximiu a estatal de responsabilidade pelo acidente. " Garanto que a Infraero não teve nada a ver com o acidente. Nada a ver " - Garanto que a Infraero não teve nada a ver com o acidente. Nada a ver. A investigação vai dizer. Eu assisti a fita e vi o que aconteceu - disse ele, referindo-se às imagens do momento em que o avião pousou em Congonhas. - O avião saiu do aeroporto na mesma velocidade que chegou. Isso significa que ninguém alterou. Um avião que pousa, tenta frear e não freia. Ele saiu da pista com no mínimo 100 nós. Se ele estava com o reversor ligado, a coisa é mais grave ainda. Isso significa que ele não reduziu a velocidade. Vídeo mostra velocidade e clarão na traseira do Airbus Na quarta, a Aeronáutica divulgou vídeos do momento do pouso e da passagem do Airbus pela pista , em velocidade superior à de outra aeronave que pousou pouco antes. Na sua primeira declaração dois dias depois do maior acidente aéreo do país, nesta quinta, o presidente da Infraero foi enfático em relação à velocidade do Airbus. Disse que, além de não ter desacelerado após tocar o chão, a aeronave havia sido acelerada: - O avião não acelera por milagre e alguma coisa aconteceu após o toque na pista. Ele pousou normalmente, as imagens mostram isso e os controladores receberam a informação. E reforçou: - O avião não acelera por milagre... acelera porque o piloto empurrou a potência do motor do avião. Por quê? Por que ele precisava arremeter? Só a caixa-preta vai dizer. Uma das possíveis causas para o clarão visto nas imagens antes da explosão, segundo especialista ouvido pelo Jornal Hoje, seria combustão, provocada por forte aceleração do Airbus. Limite de lotação e peso Na terça-feira, o Airbus 320 decolou do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no limite de segurança para pousar em Congonhas. Segundo a TAM, 100% dos assentos estavam ocupados e havia ainda uma criança de colo. O peso da aeronave, de 62,7 toneladas, correspondia a 98% do permitido para pouso em segurança nas condições de tempo apresentadas nesta terça no aeroporto paulista. Chovia há dois dias em São Paulo. Um dia antes, um turboélice da Pantanal deslizou na pista e atolou na lama, sem feridos. Na quarta, a TAM havia afirmado em coletiva à imprensa que o plano de vôo para pouso em Congonhas foi aprovado e que "não houve qualquer relato de problemas feito pelo piloto". Segundo a companhia, "não havia razão para problemas no avião", que passou por revisão no dia 13 de junho passado. O vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, disse ainda que o livro de bordo do vôo foi assinado pelo comandante em Porto Alegre sem qualquer registro de problemas ou panes Buscas e identificação difíceis O Corpo de Bombeiros já retirou 184 corpos do prédio da TAM Express, atingido pelo Airbus, e as buscas agora ficaram mais difíceis por causa dos riscos de desabamento da estrutura. Parte começou a ser demolida. No IML, 25 corpos foram identificados e o instituto estima em 30 dias o prazo para liberação dos corpos. Para os familiares, é mais tempo de dor até enterrarem seus mortos. Eram 186 passageiros no vôo 3054. Segundo a TAM, dos funcionários que estavam no prédio, oito continuam desaparecidos. Dois morreram. Não se sabe o número de clientes e de pessoas que estavam no entorno ou no posto de gasolina atingido.
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