Filmalegria
(JR Borim)
Filme ?Arraial de Canudos? O épico combate entre as tropas da República de Floriano Peixoto e os jagunços de Antônio Conselheiro foi eternizado por Euclides da Cunha no livro ?Os Sertões?. Muito justo seria incluir na imortalidade artística a filmografia produzida por Mariza Leão e dirigida por Sérgio Rezende. Considerando o primor do combate, a Fé do sertanejo, a loucura de Conselheiro e a destruição de Canudos, registra-se o resumo da obra: Uma família liderada pelo patriarca Zé Lucena (Paulo Betti), sua mulher Penha (Marieta Severo) e a filha rebelde, Luiza (Claudia Abreu). Tomando por base o contexto histórico, Guerra de Canudos é uma batalha de mérito para o povo sertanejo que resistiu bravamente às investidas do exército republicano. Alternando o olhar pra produção do filme, nota-se algo nunca visto antes no Brasil, inclusive com mão de obra estrangeira tratando dos efeitos especiais que simulam explosões e um incêndio no vilarejo todo. O que mata o espectador é o tempo destinado à batalha histórica - três horas ininterruptas de caatinga, fome, sede e destruição do sertanejo. Luiza passa da condição de filha de uma família de fiéis a Conselheiro, para puta de bordel, registrando aqui seu destino após a separação dos pais ocasionada pelas idéias de Antônio - ?Um povo livre no vilarejo de Belo Monte no interior do Estado da Bahia, independente do Diabo, A República?. Ali, no vilarejo de Belo Monte, Conselheiro viu surgir casas, igrejas e aumentar o número de fiéis ao homem que profetizava que a República seria a força do Diabo oprimindo o povo com impostos. Antônio se separou da mulher que o traiu, era advogado, foi comerciante e perdeu tudo após sua separação matrimonial; passando a vagar pelo sertão nordestino se nomeando apóstolo de Cristo na Terra, reformando igrejas e cemitérios. Somando perdas, ganhos, batalhas; é necessário ainda observar um caso de amor que surge na caatinga entre Luiza e um soldado republicano vivido pelo ator Selton Mello. Diante da loucura de Conselheiro (José Wilker), Sérgio Rezende consegue brilhantemente mostrar a crença de um povo pobre na Terra Prometida, donde tudo nasceria e sustentaria os sertanejos. É utopia aceitar a independência sob domínio da República, mensagem esta de clara interpretação aos olhos espectantes. A liberdade proferida nos discursos dos oficiais republicanos condenou o Arraial de Canudos à extinção e amostragem da total destruição. Destituídos de seu líder, os sertanejos aceitam a rendição e demonstram que a Fé é uma batalha finita. Ter Fé não basta, é preciso desenvolvimento pra libertar o povo do fanatismo, da fome e da ignorância ? são vozes republicanas. Quase três horas de belas imagens; não fossem a morte e o desastre, fatos naturais que se alternam na caatinga ofegante do Brasil. Maestria dos atores, locação perfeita, diálogos bem casados ? tudo dá a impressão e o pano de fundo pra uma bela história.
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