Sagarana - Duelo [4ºconto] 
(João Guimarães Rosa)
  
 Turíbio Todo foi pescar e avisou à mulher que só voltaria no   outro dia. À beira do córrego, faltou-lhe o fumo de rolo para espantar os   mosquitos; bateu com os dedos nos tocos e ficou com o pé direito ferido. Por   isso, voltou para casa à noite. Ouvindo vozes no quarto, olhou por uma fisga da   porta e viu que a mulher estava na cama com outro. Sem arma e conhecendo bem o   outro (Cassiano Gomes que pertencera à polícia e era exímio atirador), Turíbio   não fez nada. Afastou-se tão macio como se havia aproximado.      No outro dia, ao voltar para casa, "foi gentilíssimo com a mulher, mandou   pôr ferraduras novas no cavalo, limpou as armas, proveu de coisas a capanga,   falou vagamente numa caçada de pacas, riu muito, se mexeu muito, e foi dormir   bem mais cedo do que de costume." Isso tudo foi na quarta-feira.      No outro dia, quinta, Turíbio terminou os preparativos e foi tocaiar a casa de   Cassiano Gomes. "Viu-o à janela, dando as costas para a rua. Turíbio não   era mau atirador: baleou o outro bem na nuca. E correu para casa, onde o cavalo   o esperava na estaca, arreado, almoçado e descansadão".      Turíbio Todo, iludido pela semelhança e alvejando o adversário por trás, matara   não o Cassiano, mas o Levindo Gomes, irmão daquele. O morto não era ex-militar   e detestava mexer com a mulher dos outros.      Cassiano Gomes fez o enterro do irmão, recebeu as condolências, trancou bem as   portas e as janelas da casa (era solteiro), conferiu as armas, comprou a besta   douradilha com arreios e tudo, mandou lavá-la e ferrá-la. Só então, partiu para   vingar a morte do irmão.      Cassiano não encontrou Turíbio na primeira tentativa. O papudo conseguiu   enganá-lo, voltando por caminho diverso do imaginado. Cassiano queria pegar   Turíbio desprevenido. Por isso, passou a andar à noite e dormir de dia. Os   planos de Cassiano iam fracassando. Turíbio conhecia a região como a palma da   mão. Assim, ia conseguindo escapar com boa margem de estrada e tempo.       Foram tantos os desencontros que Cassiano trocou pela segunda vez de montada,   comprando um cavalo alazão. Também Turíbio Todo já trocara de animal umas   quatro vezes.      Turíbio Todo teve a audácia de voltar ao arraial e passar uma noite de amor com   a esposa, Dona Silivana. Até contou a ela, na hora da despedida, sob segredo, o   seu estratagema último. Estava apostando que o coração de Cassiano não ia   agüentar a perseguição. Dona Silivana contou isso a Cassiano na primeira   oportunidade. Depois, muita gente sabia da intenção de Turíbio.      A correria monótona, sem desfecho, já durava mais de cinco meses, e os dois   rivais não se encontravam. Certa vez, Cassiano chegou primeiro à margem do rio   Paraopeba, onde só se atravessava de balsa. O dono da balsa não estava, mas um   moleque, seu filho, garantiu que o papudo ainda não chegara por ali. Cassiano   ficou de tocaia à espera do inimigo. À noite, houve troca de tiros. No outro   dia, Chico Barqueiro quase agrediu Cassiano, pensando que ele fosse um inimigo.   Explicados os mal-entendidos, ao meio... CONTINUA...  
 
  
 
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