Resumo de A Lista De Alice - Herbert de Souza

Era uma vez Bocaiúva e seus habitantes... Esta poderia ser a forma de ler o livro de Herbert de Souza, o Betinho, que regressa à cidade onde nasceu por meio de uma lista de nomes preparados a seu pedido pela prima Alice. Só que deveríamos aumentar a frase : Era uma vez Bocaiúva e seus habitantes... que morreram. os nomes dão origem a pequenos necrológios, só que diferentes das notícias de morte publicadas nos jornais que tratam de gente ilustre. Os necrológios de A lista de Ailce contam breves e saborosas histórias de vidas de homens e mulheres que habitaram a infância de Betinho na pequena cidade mineira. Uma galeria de figuras ímpares, que inclui o tio coleccionador de tudo e chefe do correio local, os casais perfeitos e os imperfeitos, o médico que errava diagnósticos, o primo suicida, os mendigos e os padres, as mulheres avançadas para o seu tempo. E outra galeria: a dos tipos mineiramente chamados de sistemáticos, os loucos internados na casa da própria família, além da mulher opiniática, que toma decisões contra a vontade do marido, e do apaixonado, o homem desiludido que adoece de frustração. Até o político famoso - José Maria Alkimin ? tem o seu necrológio, em que se destaca a capacidade de fazer promessas e nunca cumpri-las. A genealogia familiar aparece em peso: José Maria, o primeiro irmão hemofílico a morrer, a avó Dona Mariquinha - a mãe-grande e controladora de todos os movimentos da família -, as tias, a irmã, os irmãos mortos pela AIDS, o pai Henrique e a mãe, Dona Maria, destinatária das famosas cartas para a mãe escritas por Henfil para a imprensa e para a TV nos anos 70. De cada personagem se narra um bocadinho da vida, aquele que melhor define uma fragilidade ou uma grandeza. Afinal, quase todos, antes de morrerem, viveram muito. Fazendo a crónica dos mortos de Bocaiúva, Betinho vai coleccionando lembranças: as namoradas encantadas da infância, o quarto de menino tuberculoso nos fundos da casa, a iniciação na militância política ainda na juventude e, ao final, desenha um esboço de auto-retrato. Narrando histórias de cidades do interior, que se repetem em qualquer parte do mundo, Betinho cria uma família literária para si mesmo: a família dos escritores Guimarães Rosa e Gabriel Garcia Marques. Mais do que isso, aprende com Genesco, o grande contador de histórias de Bocaiúva, que é possível avisar às pessoas que se vai morrer, mas que a hora ainda pode demorar a chegar. Enquanto isso há tempo de descobrir a razão de se estar vivo.

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