Criatividade E Inspiração Para Reinventar As Marcas.
(Wellington Rouver)
Foi na filosofia do século XIX que a designer Ana Couto foi buscar, no final dos anos 80, inspiração para montar um negócio até então pouco conhecido no Brasil: o branding, trabalho de construção, posicionamento e divulgação de marcas. Conciliando o pensamento do alemão Friedrich Nietzsche com criatividade, o vigor dos vinte e poucos anos de idade e uma boa dose de coragem, a jovem recém-formada em design e antropologia abriu as portas de seu ateliê de design em Copacabana, na Zona Sul do Rio, munida de apenas um computador, uma linha telefônica e um cliente. Em menos de duas décadas, o pequeno ateliê se transformou na Ana Couto Branding & Design, uma das três maiores empresas do setor no país, com escritórios no Rio e São Paulo e sócios nos Estados Unidos e Europa. O faturamento anual já alcança R$ 8 milhões, graças à carteira de clientes carimbada com marcas como a da Coca-Cola, Unibanco, Companhia Vale do Rio Doce, Gradiente e L?Oreal. ? Quando imagino uma solução criativa, penso imediatamente em uma idéia oposta ? revela a empresária. ? Nietzsche, que é um referencial para o meu trabalho, defendia a idéia de que o conflito entre as forças irradia uma potência, e esse conflito é o que gera a dinâmica da expansão. Pensar fora da caixa, ampliando o horizonte do pensamento, é essencial para o sucesso do processo criativo. Mas para conseguir ?pensar fora da caixa?, a designer precisou de coragem para fechar as portas do ateliê de Copacabana, que já começava a dar lucro, e se mudar para os Estados Unidos, berço do branding, para buscar o conhecimento que geraria a tal dinâmica da expansão. Durante dois anos, percorreu diariamente o trajeto entre a cidade da Filadélfia, no estado da Pensilvânia, onde morava, e a escola de design, em Nova York, até que os estudos e a rede de contatos local começaram a dar resultados e Ana conseguiu seu primeiro cliente internacional: um centro cultural na Filadélfia. ? Depois do primeiro, logo consegui conquistar outro cliente, uma companhia de iluminação de ruas ? lembra Ana. ? Mas quando senti que já havia adquirido o conhecimento que buscava, fiz as malas e voltei para casa. O melhor de tudo é que consegui carregar os clientes comigo. Quando aterrizou no Brasil, em 1991, com dois clientes internacionais na carteira e o sonho de fazer sucesso na terra natal, a empresária encontrou um ambiente totalmente desfavorável aos negócios, com forte recessão econômica, desemprego e inflação na casa dos 1.200% ao ano. ? Quando me deparei com o arrocho econômico provocado pelo Plano Collor, quase voltei para os Estados Unidos. Mas, como duvido sempre da primeira solução, decidi que devia ficar e montei a empresa em um sobrado no centro do Rio ? conta. ? Resolvi que, independente da crise, não ia fazer economia: utilizei o diferenciado padrão internacional em todas as ações da empresa para captar clientes. Meu portfólio, por exemplo, foi feito com papel importado de Milão, já que aqui no Brasil só havia quatro tipos de papel no mercado. O voto de confiança depositado na pátria foi logo recompensado. Ana conquistou a conta da maior mineradora do país e uma das maiores do mundo, a Companhia Vale do Rio Doce. E para dar conta do complexo ofício de desenvolver o perfil corporativo, elaborar relatórios anuais e promover eventos da mineradora e das outras empresas que começaram a chegar atraídas pelas novas promessas corporativas do branding, a designer recorreu à alianças internacionais e se associou à norteamericana Addison Company, uma das maiores companhias mundiais deste segmento. Em 1994, enquanto o Brasil amargava o processo de readequação econômica e desestatização, a Ana Couto Branding & Design alcançou seu primeiro milhão de reais, oxigenada pela revitalização de marcas de empresas recém-privatizadas. ? O trabalho que fizemos com a estatal Flumitrens, depois da privatização, foi um marco para nós ? comemora. ? A resposta popular ao novo design dostrens da Supervia, antes muito mal vistos, foi tão boa, que foram apelidados de ?trens da Disney?. Nos últimos anos, a concorrência, que há duas décadas era praticamente inexistente, começou a chegar em efeito cascata, com a força dos grupos internacionais. Mas Ana parece não se incomodar, e alega que enquanto existirem empresas, haverá mercado para resgatar marcas. Esta semana, a empresa fechou contrato para iluminar a marca da Companhia Energética do Ceará (Coelce), que vem sendo massacrada por consumidores insatisfeitos. A auto-confiança da empresária, contudo, não é sinônimo de estagnação. Para garantir a fidelidade de seus clientes, 15 grandes grupos empresariais, e estimular processos criativos que gerarão novas dinâmicas de expansão, a designer, hoje com 43 anos e mãe de dois filhos, garante que a fórmula, apesar de trabalhosa, é simples. ? Ter um plano de negócios claro, estar sempre se movimentando e controlar bem as finanças é fundamental ? ensina.
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