Memórias De Um Sargento De Milícias
(Manuel Antônio de Almeida)
Inicia-se com a fórmula dos contos de fada: ? era uma vez ? - um rei, um romance de costume do Rio de Janeiro na época de D João VI e sua família real. Um romance baseado na manifestação espanhol tardia de um pícaro, como sugere Mário de Andrade. Ou um realismo antecipado, deixando para trás todo o romantismo, como defende José Veríssimo. Já para Antônio Cândido, Memórias de um Sargento de Milícias é uma variante nova espelhada no romance picaresco, que dá origem ao malandro amoral, o anti-herói de nossa época e sua estrutura dialética da ordem e desordem? Romance que mostra o abuso do poder e nenhuma punição. Como se amoral fosse qualquer gesto de corromper e ou ser corrompido ? atualmente bem lembrado pelo nosso Presidente (Brasil) que diz ser caixa dois uma ferramenta contábil indispensável e normatizada. Narrativa que busca em Leonardinho, filho de Leonardo Pataca e Maria Hortaliça retratar um anti-herói, um malandro, um agregado- um não parentesco que muito existia naquela época - capaz de aprontar todo tipo de malandragem para se safar das confusões em que se envolvia, da infância ao ser adulto. Leonardinho após ser expulso de casa por um pontapé do pai, ao se desentender com a madrasta é criado pelo padrinho, um barbeiro que não quer nunca enxergar no sobrinho esse malandro incorrigível que entre tantos desencontros sempre se dará bem no final ? e sempre terá alguém para ampará-lo como se sempre fosse uma indefesa criança, como esse mesmo padrinho. Não fosse as críticas e estudos da teoria da literatura, seria apenas um romance de leitura prazerosa e divertida sem qualquer compromisso, um simples romance de costumes e lazer. Considerando a época, o esquecimento das características românticas, o sucesso no final do romance do malandro, as descrições minuciosas dos costumes da época, o título do romance de um cargo que o anti-herói só recebe no último capítulo, a interação dialógica narrador e leitor, a linguagem coloquial entre personagens agregados ? teoria de Roberto Schuarz dos brancos livres - as analogias dos cargos jurídicos não mais respeitáveis como antes, o abuso de poder centrado no Major Vidigal que julga, condena ou absolve quem quer mas que também será manipulado pelo nosso protagonista, a reclamação do salário por Leonardo Pataca, enfim, podemos dizer que é um romance pertencente ao realismo com uma estrutura íntima e delicada, denunciativa de fatos essencialmente reais. Com esse jogo de ordem e desordem amoral e até com final feliz, nasce aqui a dialética do malandro: Leonardinho ? defendida por Antônio Cândido - que despertará posteriormente, novos romances como Macunaíma de Mário de Andrade e outros. Com a letra da música, abaixo, composição Martinho da Vila: Memórias de Um Sargento de Milícias, pode-se entender um pouco mais o enredo do livro. Era o tempo do rei Quando aqui, chegou Um modesto casal feliz pelo recente amor Leonardo, tornando-se meirinho Deu a Maria Hortaliça um novo lar Um pouco de conforto e de carinho Dessa união, nasceu Um lindo varão Que recebeu o mesmo nome do seu pai Personagem central da história que contamos neste carnaval Mas um dia Maria Fez a Leonardo uma ingratidão Mostrando que não era uma boa companheira Provocou a separação Foi assim que o padrinho passou A ser do menino tutor A quem lhe deu toda dedicação Sofrendo uma grande desilusão Outra figura importante em sua vida Foi a comadre parteira popular Diziam que benziam de quebranto A beata mais famosa do lugar Havia nesse tempo aqui no Rio Tipos que devemos mencionar Chico Juca, era mestre em valentia E por todos se fazia, respeitar O reverendo amante da cigana Preso pelo Vidigal O justiceiro Homem de grande autoridade Que à frente dos seus granadeiros Era temido pelo povo da cidade Luisinha primeiro amor Que Leonardo conheceu E que Dona Maria, a outro como esposa concedeu Somente foi feliz Quando José Manuel Morreu Nosso herói Novamente se apaixonou Quando com sua viola A mulata Vidinha, esta singela modinha cantou: Se os meus suspiros pudessem Aos seus ouvidos chegar Verias que uma paixão Tem o poder de assassinar Escreva o seu resumo aqui.
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