Pedra Bonita
(JOSÉ LINS DO REGO)
1º Parte: Açu 2º Parte: Pedra Bonita Padre Amâncio ? modesto, personagem central que dava lugar, algumas vezes à Antônio Bento Vieira, ajudante do padre que a mãe deixou para que o mesmo o fizesse padre também , mas não houve dinheiro para tal realização. Aliás, dinheiro quem tinha em Açu era só Clarimundo, além do comércio, o algodão lhe rendia lucros. Major Evangelista, um fiscal que perdeu a esposa e vivia com a filha D. Fausta, uma personagem psicológica que solteirona, vivia bordando para fora de Açu e que tinha ataques por falta de sexo/homem. Padre Amâncio foi jovem para Açu, com sonhos de tudo mudar, Açu conhecia a maldição de Pedra Bonita, uma cidade onde homens milagrosos queriam ser como Jesus e Padre Cícero, que levavam o povo às alucinações e fanatismo , a ponto de largar tudo na vida e ir para lá. Cidade com duas pedras enormes como se fossem duas torres de igreja. Açu rejeitava todos os moradores de Pedra Bonita. A temática sacra é sem dúvida o fanatismo, as religiões ? o catolicismo, ainda que exaltem Padre Cícero ao enfrentar bispos e continuar operando seus milagres. Junto ao fanatismo religioso pode-se perceber que o autor lança mão de sua santa para colocá-la na narrativa: Nossa Senhora da Conceição. Exalta também, a figura do Padre comum, mas santo, que vive para os pobres, sem vaidade e sem ambição. Destaca o poder da política pelo cômputo de amenizar a matança que o exército ? dizimando famílias e mais famílias. Açu era o lugarejo onde jogavam o que se diziam: o lixo da sociedade - indivíduos que não tinham mais corretivos. Ali, nem a estrada de ferro conseguiu chegar, no dia em que os engenheiros ali apareceram foram destroçados pelos cangaceiros ? pelo chefe, irmão de Bentinho - Aparício. Domício era tão santo como o padre ou mesmo seu irmão Simão Bento, mas acabou fanático matando em nome de Deus. Também levou mãe e pai para o embusteiro Antônio Ferreira, como Padre Amâncio o classificava. Um homem comum se fazendo de milagroso. O Padre até tentou parar o fanatismo mas quase foi linchado. Deodato, mais um irmão de Bentinho, foi explorar o Amazonas, de onde poucos sobreviviam e foi na seca de 1904 que a mãe de Bentinho o largou em Açu nas mãos do padre para que tivesse um futuro diferente de seu povo de Pedra Bonita. Pedra Bonita era amaldiçoada e a culpa estava na família dos Vieiras, da qual Bentinho pertencia. Na primeira vez que apareceu um homem milagroso por lá, foi um dos Vieiras que denunciou ao Governo que iriam matar virgens e crianças em sacrifícios, mas o que houve foi uma matança sem fim. É uma trama que saindo da temática principal ? fanatismo religioso e cangaceiros ? podemos ver uma galeria de personagens e histórias paralelas que nos prendem a atenção de tão bem descrita e interligada. A obra é tão valiosa que até os personagens secundários aparecem, psicologicamente, bem desenvolvidos e trabalhados. Há também descrição sexual bem atrevida para a época quando Dona Fausta passa a sonhar e desejar Antônio Bento, cena em que ela o pega de jeito, porém que não se repete. Bentinho não era de mulheres, nem seu irmão Domício. Num discurso indireto são muitas e muitas cenas diferentes e tantos personagens que não se pode de todos falar. É necessário que se fale de Maximina - empregada negra do Padre que vez ou outra bebia escondida e saía a falar com todos sem que ninguém a encomodasse - sua língua era traiçoeira quando bebia. Foi ela quem ajudou o padre a criar Antônio Bento, aliás as duas pessoas que mais Bentinho gostava eram eles. Bento também se apaixona pela vida livre do Dioclésio, um violeiro que cantava as desgraças da terra, e mais no final da narrativa ama muito seu irmão Domício. A repetição de cenas descritas é um recurso relevante do autor para que o leitor não se perca e o narrador onisciente fala por todos e a moda viola, os repentes, as canções que narravam as histórias tristes do cangaço, eram os atavios que davam ao romance o uso da metalinguagem com grande riqueza descritiva. Pedra Bonita do Araticum com sua lenda da mulher linda que chama os homens para o abismo, também era a pedra dos milagres e dos fanáticos que matavam. Num todo, o romance é a descrição de um mundo rural Nordestino, onde cidades são esquecidas pelo Governo, um mundo de contínua fuga voltando sempre para suas raízes: religião. Aparício uma espécie de lampião, um homem que tinha, na imagem e no falatório do povo, o retrato do verdadeiro cangaceiro do mal, capaz de fazer barbaridades, temido por todos, que nenhuma companhia do Governo conseguiu prender, mas para a família era um simples irmão e amigo, um filho que só se preocupava em vingar o dia em que tanto maltrataram seus pais ? foi desde esse dia - que não houve mais trégua para o cangaceiro. No sertão são três as vozes de comando, o padre, os cangaceiros e o governo quando sente necessidade de intervir, no mais é uma injustiça sem fim e um morrer sem pedir, colinas de severino.
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