Resumo de Vende-se Política

O livro faz um panorama de como a propaganda política nos Estados Unidos é elaborada na atualidade. Usa como ponto de partida o fato de que, com o surgimento da televisão, a política sofreu uma série de modificações que acabaram por transformá-la em um produto midiático.
Rees explica-nos que antes do surgimento do aparelho, os candidatos eram escolhidos de acordo com suas qualificações para exercerem um cargo público. Hoje, as características físicas do candidato têm mais valia do que quaisquer outras.
Segundo o autor, a propaganda política após a difusão da televisão, transformou-se em mero entretenimento ? e ele nos mostra uma série de exemplos que comprovam sua linha de pensamento. Usa como base também as idéias de diversos pensadores, tais como Neil Postman, Marshall McLuhan, e, principalmente, nos ideais de Joseph Goebbels, ministro de propaganda nazista. Além disso, o livro conta ainda com diversos depoimentos de conceituados consultores políticos norte-americanos, como Jim Duffy, Roger Ailes e Raymond Strother.
O livro explicita o pior lado do marketing político nos EUA, em tempos de TV, e contrasta-o com o de outras partes do mundo, citando exemplos passados na Inglatera, Brasil, Romênia e Índia. Porém, é na cultura norte-americana em que o ideal de política como produto tem seu maior alicerce, lembrando-nos sempre que a política nesse país chega ao absurdo mercadológico de eleger um ator para a presidência (Ronald Reagan) ? podemos citar também a recente eleição de Arnold Schwarzenegger para governador da Califórnia, estado que já havia sido governado por Reagan, de 1966 a 1974.
No decorrer da obra, percebemos as diversas facetas usadas pela propaganda política para ludibriar os eleitores. Um dos artifício usados pelos marqueteiros é fazer o possível para não divulgar o plano de governo de seu candidato, evitar debates ou entrevistas que não possam ser controlados pelo assessor (afinal, o essencial é que o candidato pareça bom, e não que ele realmente o seja), e usar sempre de publicidade que Se valha da emoção do espectador, de preferência em peças com duração de trinta a sessenta segundos, mais passíveis de apelo emocional.
Esta característica de apelo emocional já era trabalhada na campanha realizada por Goebbels para Hitler, há seis décadas. O ministro acreditava que uma boa peça publicitária era a que emocionava o público, algo que estava mais perto de arte do que da propaganda conhecida até então. Segundo ele, a boa propaganda era a que divertia o público, e cujos ideais políticos não eram percebidos, somente sentidos pelos espectadores.
Por ter um foco na política norte-americana, o livro diferencia-se de obras locais sobre o assunto, como por exemplo, Espreme que sai sangue, de Danilo Angrimani, livro que dedica alguns capítulos ao marketing político, presente no jornalismo brasileiro, e que demonstra os artifícios usados pelos políticos brasileiros para manipular a mídia.             Laurence Rees é radical ao abordar o fato de que, após a difusão da televisão, é muito mais importante para um candidato ter uma boa aparência, do que boas idéias. Ele nos faz acreditar que qualquer pessoa pode se eleger, desde que tenha em torno de si uma boa imagem formada ? carisma e beleza são essenciais, um plano de governo, não.             Vende-se política é um excelente livro a respeito do marketing ao qual o poder é submetido. Ao apresentar a idéia de que, na verdade, quem governa mesmo é o povo ? poiscada passo na vida de um político é estudado previamente através de pesquisas de opinião, feitas por seus consultores ? o autor mostra-se como grande analista político, avaliando detalhadamente cada uma das campanhas sobre as quais discorre na obra, sua eficiência e quais fatores influenciaram tanto para o uso da propaganda quanto para a forma como a mensagem é percebida pelo público, relatando muitas vezes campanhas mal sucedidas e opinando a respeito dos motivos do fracasso da mesma.

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