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Jerusalém
(Gonçalo M. Tavares)

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A estrutura do livro é feita em círculo fechado, dentro do qual as personagens se movimentam através de impulsos temporais que avançam e recuam, bem como em novos pequenos círculos onde  se jogam as suas vidas.
Sendo a temática do livro as várias dimensões da loucura, o autor, um escritor da mais  pura reflexão filosófica, personifica a História como um corpo vivo  que, à semelhança deste,  ao longo dos tempos tem padecido de ciclos patológicos de que o  horror através dos séculos tem sido o expoente máximo.
Se pudéssemos ilustrar em imagens a obra, escolheríamos sobretudo as memórias do holocausto como pano de fundo e, paralelamente, dentro dele enquadraríamos a loucura de cada indivíduo nas suas múltiplas  realidades, num mundo completamente à parte. Daí o título de Jerusalém, onde uma variedade de culturas se encontra.
O filme ficaria completo depois de aparecer na tela um hospital psiquiátrico, afinal   a ponte entre uma loucura mais vasta e as pequenas loucuras dos homens, todas elas a precisarem desesperadamente de  cura.
Mylia é a primeira e última ponta do enredo, o marido Theodor o médico das pequenas loucuras e investigador dos ciclos maléficos da História. Ernest é o contraponto da solidão de Mylia, um contraponto que  impõe uma nova dinâmica ao universo das personagens através de Kaas,  o filho deficiente de ambos.
Paralelamente, Hinneker, o homem que nascera para ser mau e  Hanna, a prostituta velha que deixa entrar algum sol na vida dele, são, a um tempo, vítimas e carrascos como todos outros e em todos eles está presente o medo. Sempre o medo do outro lado das coisas, onde quer que cada um se posicione.  Gomperz o director do hospício  representa  para cada uma das loucuras que com ele se cruzam o lado mau da vida.
A loucura de Mylia, a dor da morte que ela sente permanentemente,  a dor da fome de que ela nunca poderá morrer se vier a comer daí a pouco bem como sua sobrevivência à revelia da medicina,  deixa na sua vida, como em todas as outras, um rasto de luz onde as personagens sentem Deus.
É igualmente o que se passa com a pesquisa histórica de Theodor e com as suas  teorias de equilíbrio entre os fortes e os fracos. Equilíbrio impossível de atingir segundo a dinâmica da própria História  cuja doença ao longo dos anos  tinha vindo a diagnosticar. É por isso que essas teorias  deixam  aberta uma terceira via para explicar a saúde. Para além da saúde do corpo e saúde da alma, a terceira parte da saúde só se conseguia através da fé, uma porta por onde tendem a entrar todos aqueles para quem as perguntas que colocam às coisas sem solução  encontram apenas aí a resposta.
O horror tem o seu epílogo máximo no homem que nascera para ser mau, em Mylia e no seu filho deficiente  Kaas, a quem outrora o falso avô  Thomas Busbeck vira como um estorvo à notoriedade dos homens da família.
Gonçalo M. Tavares que  ganhou o prémio Ler/Millennium BCP, é não tanto um escritor de factos e de coisas mas muito mais um escritor de sentimentos. Quase um esquartejador de almas....
 



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