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Cobra Norato
(Raul Bopp)

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Biografia e Resumo Embora nascido no Rio Grande do Sul (1898-1984) Raul Bopp integra-se no grupo paulista, de cujas correntes verde-amarela e antropofágica fez parte. Cobra Norato (Nheengatu da margem esquerda do Ama­zonas) é seu livro principal e a obra mais importante do movimento antropofágico (1931 e várias tiragens posteriores). As últimas edições foram pontuadas e retocadas pelo autor,  introduzindo melhor coordenação entre as partes do poema, retirou versos e incluiu novas passagens. Nessa feição, Cobra Norato, primitivamente ou como projecto de história para crianças, demostra a grandeza daquele mundo em formação que é o Amazonas. De início, o poeta brinca de amarrar uma fita no pescoço da Cobra Norato, estrangula-a e enfia-se na pele do réptil: Agora sim. Me enfio nessa pele de seda elástica e saio a correr mundo: vou visitar a rainha Luzia. Quero me casar com sua filha. Mas, porém, tem de dormir primeiro. Dorme. Então  procura a moça, e enquanto isso, vai descrevendo a natureza amazónica, com as dificuldades de estilo das histórias populares: Mas antes tem que passar por sete portas. ver sete mulheres brancas, de ventres despovoados, guardadas por um jacaré. ?Só procuro a filha da rainha Luzia. Tem que entregar a sombra para o bicho do fundo. Tem que fazer mironga na lua nova. Tem que beber três gotas de sangue. ? Ah, só se for da filha da rainha Luzia! E vem a descrição daquele bárbaro cosmo: Esta é a floresta de hálito podre parindo cobras. Raízes desdentadas mastigam lodo. A água chega cansada. Resvala devagarinho na vasa mole. A lama se acumula. O charco engole a água do igarapé. Vento mudou de lugar. E vêm a chuva, o mar, a pororoca, e vão o poeta-Cobra Norato compadre roubar farinha no putirum. Joaninha Vintém conta o causo do Boto (moço loiro, tocador de violão"), que a pegou pela cintura. E há na festa um "chorado": Angelim, folha miúda,que foi que te entristeceu? Taruman. O vent não trouxe notícias de quem se foi. Taruman. Flor de titi murchou nas margens do igarapé. Taruman. Na areia não deixou nome. O vento levou o rosto, Taruman. Saem da festa, o poeta se enfia novamente na pele da cobra, recomeça a andança, quando o compadre percebe vindo pelas águas algo como um navio prateado: O que se vê não é navio. É a Cobra Grande. Ela aparece quando a Lua está cheia. Vem buscar moça que ainda não conheceu homem. E vai o poeta levando um anel e um pente de ouro / pra noiva da Cobra Grande", quando lhe perguntam: Sabe quem é a moça que está lá embaixo nuínha como uma flor? ? É a filha da Rainha Luzia! Rapta-a e fogem. Cobra Grande os persegue. Mas Pajé-Pato mostra o caminho errado: ? Cobra Norato com uma moça? Foi pra Belém. Foi se casar. Cobra Grande se mete pelos canos e termina com a cabeça sob os pés de Nossa Senhora, enquanto o poeta vai para as terras altas com a noiva: Quero estarzinho com ela numa casa, com porta azul piquininha, pintada a lápis de cor. Quero sentir a quentura do seu corpo de vai-e-vem Querzinho de ficar junto quando a gente quer bem bem. Convida para o casamento muita gente, até a Maleita: Procure minha madrinha Maleita, diga que eu vou me casar: que eu vou vestir minha noiva com um vestidinho de sol ?e acorda. No fundo ? disse o poeta ? Cobra Norato representa a tragédia das febres, a maleita, ?cocaína amazónica", quando ouviu "o mato e as estre­las conversando baixinho". Pela força das descrições, pelo li­rismo que demostra o poema, pelo aproveitamento das raízes populares, é um documento de valor definitivo do nosso Modernismo. Exercício Comentado Herança Vamos brincar de Brasil? Mas sou eu quem manda. Quero morar numa casa grande. Começou assim a nossa história Negro fez papel de sombra e foram chegando soldados e frades. Trouxeram as leis e os Dez Mandamentos Jabuti perguntou: "?Ora, é só isso?" Enseguida vieram as mulheres do próximo. Vieram imigrantes com alma a retalho. Brasil subiu até o lOº andar. Litoral riu com os motore. Subúrbio confraternizou com a cidade Negro coçou piano e fez música Vira-bosta mudou de vida Maitacas se instalaram no cimo dos galhos No interior o Brasil continua desconfiado> A serra morde as carretas> Povo puxa bendito pra vir chuva. Nas estradas  cruzes sem nome marcam casos de morte As vinganças continuam. Famílias se entredevoram nas tocaia. Há noites de reza e cata-piolhos. Nas bandas do cemitério Cachorro magro sem dono uiva sozinho. De vez em quando a Mula-sem-cabeça sobe a serra ver o Brasil como vai BOPP, Raul. Cobra Norato e outros poemas. 13 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p. 105-6 Trabalhando o Texto: 1 Explique o que é a "casa grande" mencionada no terceiro verso. A palavra ganha dois significados distintos: um histórico referente à Casa Grande e à Senzala_ donde da primeira extrai-se a ideia do poder político e económico e outra donde casa grande vem a significar um casarão, ou seja uma casa adjectivada com a palavra grande. 2 Comente o verso "Negro fez papel de sombra" com base em conhecimentos de história do Brasil. O negro apresenta-se em nossa história como um simples  figurante na história política nacional. O texto é extremamente crítico. 3 Relacione os soldados e frades do texto com a história brasileira. Os soldados simbolizam o poder militar da Coroa Portuguesa e os frades representam a expansão ultramarina portuguesa nos trópicos. Há aqui um paralelo com a história nacional em seu descobrimento. 4 O jabuti é, nas lendas indígenas, um personagem astuto e inteligente. Comente sua presença no poema. O jabuti em verdade representa metaforicamente o olhar cândido e incrédulo do elemento indígena ao ver as promessas de felicidades do europeu. A educação realmente, nada ensinou de novo ao gentio. 5 Aponte no texto as passagens que indicam progresso e mudança nas condições de vida. No trecho abaixo fala-se em décimo andar de prédios (explica o crescimento urbano e a vinda dos europeus no pós-guerra); a expressão motores simboliza as máquinas e a indústria e o subúrbio é a nova faceta de um Brasil industrial. Brasil subiu até o lOº andar Litoral riu com os motores Subúrbio confraternizou com a cidade 6 Como é, de acordo com o poema, o interior do Brasil? O interior brasileiro é extremamente desconfiado e por esta feita continua apegado à tradição, sempre rezando como ilustra a figura do bendito. Obviamente o interior é atrasado e perece à beira da sociedade industrial. 7 O poema pode ser dividido em duas partes, que estabelecem um contraste. Indique-as e comente o contraste criado. A primeira parte refere-se ao Brasil industrial- urbano e a segunda parte refere-se ao Brasil interiorano e rural. 8 O Brasil de nossos dias é ainda um país de contrastes? Escreva um pequeno texto, mostrando as diferenças e semelhanças entre o Brasil de hoje e o do poema "Herança". O grande legado deixado por nossos antepassados é indubitavelmente a miscigenação e entrecruzamento genético de raças. Solidamente constituídos sobre tal património genético e cultural; o Brasil deveria começar a se descobrir nesta celebração de 500 anos. Como dizia o saudoso Oswald de Andrade: "precisamos redescobrir o Brasil !". O acentuado contraste sócio-cultural e económico do país precisa acabar, para revitalizarmos  nossa condição de nação edénica. Quando Sérgio Buarque de Holanda afirmou a cordialidade do brasileiro, reafirmou, a adaptação do povo que, mesmo aculturado, veio  assinar seu nome em sua história. O poema de Raul Bopp mostra-nos um Brasil dividido entre o interior e a capital, donde o atraso do primeiro revalida forças contra a riqueza do último. Entretanto, não nos esqueçamos das tradições culturais que o interior contem e que são, em verdade, o real e belo património da pátria brasileira. Aspectos relevantes será preciso nos situar em qual época do modernismo nos encontramos na análise de Cobra Norato_ in casu será a fase primeira da antropofagia que consistia em um movimento destrutivo de toda



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