O Dia Da Desilusão
(ANA KLEIN)
Sempre obedeci, sempre calei o que vi, sempre me orpimi. A culpa seria minha? Ela estaria com o meu pai por mim? Se calhar, sim. Pois, ouvira uma conversa de emigraçãp que só não se concretizara por minha culpa. Eu só servia para atrapalhar,pensava nos meus oito anitos. mas mãe é mãe, e temos que lhes ser fiéis e por vezes até protegê-las. Protegia na primeira tentativa de suicídio. Sim, fui eu que dei o alarme,... não a queria perder. e depois? Ficaria entregue áquele monstro? Aquele que embora sendo meu pai, queria que ela se suicidace, pois se ela não era para ele, não seria para mais ninguém. Mas eu não entendia, eu apenas sentia a vida num turbilhão de responsabilidades, a principal era ñão perder a minha mãe, de cumplicidades, esconder o facto de minha mãe procurar noutros homens o carinho que não tinha em casa e ser a filha exemplar: a que nunca desobedece, a miga, a confidente, a salvadora, a excelente aluna... Eles tinham todos os motivos para se orgulharem de mim , mas não...os seus egoísmos eram mais fortes e eu fui ficando para trás. Enquanto ouvia as discusões, as louças a partirem-se, os meus brinquedos a serem atirados contra a parede, mantinha-me esperançosa de que tudo acabaria bem, que um dia iriamos ser muito felizes. Menti, omiti, inventei, para quê? Para ficar sem ela para sempre? Na segunda tentativa de suicídio os médicos avisaram: "não repita o que fez pois já não lhe podemos fazer mais nenhuma lavagem ao estômago, esta é a última", com ar de quem fala para uma mulher que apenas fez o que fez para chamar a atenção. Eu sabia que não era assim, por isso mantinha-me alerta nos meus poucos anitos. Durante a noite acordava ouvindo-a chorar, desabafava, chorava e dizia que me amava mais do que tudo no mundo e tudo o que fizesse seria para minha felicidade. De facto perdia para sempre..como ela dizia " para minha felicidade..." (continua)
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