A Menina Morta
(Cornelio PENA)
Esse romance se esboça através de situações e detalhes, que compõem o ambiente e com ele mergulha se numa atmosfera que delimita o seu próprio mundo. Repentinamente, todos seus componentes materiais, humanos e temporais destacam-se nitidamente em volta de um símbolo unificador e punitivo, a "menina morta". Evocada em sua curta vida , ela deixa entrever sua missão conciliadora, também inspiradora de perdão e de bondade. Morta, abandona os seus e os aprisiona cada vez mais nas cadeias do orgulho, do grande latifúndio escravocrata da monocultura, todos surdos aos gemidos da humildade passiva do escravo maltratado e amedrontado. O latifúndio com grandes agregados e trezentos escravos. Seus senhores sofrem um drama íntimo, contido pelo orgulho e pelo amor próprio, que amedrontam e impedem qualquer possibilidade de alusão, de qualquer pessoa. Ao mesmo tempo pressente-se a iminência da revolução social e económica, com a extinção do trabalho escravo. A criança, que seria a esperança de uma reconciliação humana, naquele local de riqueza e poderio a se extinguir, converte-se no símbolo da "menina morta". É a sombra punitiva que paira sobre os sem coração. Tanto que, como num misterioso processo de metempsicose ela é confundida com a irmã que sobrevive e feita herdeira da fazenda. É quando esse grandíssimo latifúndio bruscamente se desola, e envolve a sobrevivente numa imensa sombra, justamente com sua mãe doente fisicamente e mentalmente debilitada. O romance parece então dividir-se em duas partes: a primeira, em que perdura a lembrança da menina morta, coexistindo com seu retrato a óleo na parede, enquanto ela se actua qual verdadeira força catalítica; a segunda, preenchida pelo retorno da irmã, coincidindo com a ausência dos pais, até ao desabamento daquele sombrio e imenso domínio a fervilhar.
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