A Normalista
(Adolfo Caminha)
O romance relata as muitas tristezas e poucas alegrias de uma jovem que é entregue por seu pai ao padrinho, para criá-la. Ela é uma menina normal, que estuda, que tem uma amiga confidente, um pretenso namorado de nível muito superior ao seu e, desgraçadamente, é engravidada pelo padrinho e acaba casando-se com um alferes da polícia. O pano de fundo é uma cidade provinciana do século passado, cheia de preconceitos e maledicências. A jovem Maria do Carmo, personagem principal, que dá nome ao romance, sofre as conseqüências desse meio mesquinho, que não oferece oportunidades de um crescimento interior nem alternativas de vida. Uma história vulgar, passada numa cidade atrasada e vivida por personagens medíocres, sem horizontes nem futuro. Mas, graças ao talento do escritor Adolfo Caminha, acontece o milagre da criação literária: o texto se ilumina de uma aura de beleza e continua atraindo, ao longo dos anos, a atenção e o interesse de gerações e gerações de novos leitores. Neste romance de 1893, a normalista Maria do Carmo é o pretexto para Adolfo Caminha apresentar aos leitores sua visão da Fortaleza de finzinho do século XIX. De um lado, o povinho miúdo: o pequeno funcionário público, a mulher que vendia rendas, o barbeiro, o guarda-livros, o lenhador e o alferes. Na outra banda, o governador da província, o coronel Souza Nunes, seu filho Zuza - estudante de direito - o jornalista José Pereira, o diretor e os professores da escola normal. A fraqueza do nexo lógico sentimental ou de qualquer natureza entre as várias peripécias da vida de Maria do Carmo sugere que Adolfo Caminha não conta simplesmente a história dela para distrair seus leitores: é a propósito da vida da normalista que ele vai delineando quadros da vida da capital cearense: uma aula na escola normal, o footing no passeio público, uma festa de casamento, um serão familiar, etc... Nesta espécie de painel de costumes, o autor parece querer demonstrar ao leitor toda a mesquinha sordidez da vida social na Fortaleza de seu tempo. O mau humor para com a cidade é transparente, e costuma ser apontado pelos críticos e biógrafos de Adolfo Caminha como uma espécie de vingança: o autor jamais teria perdoado seus conterrâneos por estes lhe terem criticado os amores adúlteros e escancarados com a mulher de um colega. Trecho: A luzinha da vela de carnaúba agonizava numa poça de cera derretida. E essa! Era a segunda vez que sonhava com o Romão, sem quê nem p?ra quê... Com certeza estava para lhe suceder alguma desgraça. Que esquisitice! hum, hum,...
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