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O Estrangeiro (parte2)
(Albert Camus)

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Écomo se Albert Camus tivesse continuado a desenvolver a questãodo pecado e da lei expressa no Crime e Castigo, depois de cerca de100 anos de involuçãoda perspectiva moral. Aqui temos dois deslocamentos em relaçãoà realidadeexistencial e moral: uma por excesso (estilo Raskolnikov) e outra porfalta (estilo Meursault). E posso perguntar-me: sou mais parecido comRaskolnikov ou com o Estrangeiro? Ajo com objetivos definidos,sentindo que posso fazer coisas que os outros nãopodem, ou deixo as situaçõesencaminharem-se por conta própria, reagindo de acordo comestímulos imediatos?NoCrime e Castigo ainda havia uma tensãomoral, mas no Estrangeiro nãohá uma problemática entre o Bem e o Mal: falta umpedaço da alma de Meursault ? nãohá consciênciamoral. Será esse o perfil do homem médio do séculoXX? O leitor do Estrangeiro está diante de um dilema: ou ficaconstrangido moralmente e quanto mais o estrangeiro estáinconsciente da sua própria situação,mais o leitor percebe o problema moral e mais fica inconformado com orumo da história, sentindo que o rumo das coisas nãodeveria ser assim; ou o leitor nãopercebe nada de errado e atesta que também nãopossui consciênciamoral. Camus simplificou extraordinariamente a sua estóriapara provocar a reaçãoda consciência moraldo leitor (supondo que o leitor nãofosse tão amoralcomo Meursault). Mas, até quando haverá leitorescapazes de ler ?O estrangeiro? e perceber este problema moral?Alémdisso, o leitor sente uma indignação pelo fato de queMeursault não se importa com quem o observa. Ele estáalheio à problemática moral e ninguém estranhaou, pelo menos, ninguém cobra a consciência moral dele.Os outros parecem não se importar para a sua estranheza. Aúnica exceção talvez tenha sido o juiz que otentou converter: ?nunca tinha visto uma alma tãoempedernida como a sua. Os criminosos que aqui vieram choraram semprediante dessa imagem da dor ?. É possívelmesmo que alguém leia o livro não perceba talproblemática moral e ainda ache que Meursault atingiu um certo?ideal? desejável; nesse caso, ficaria patente asociopatia. Oestado de Meursault já não pode ser explicadopsicologicamente. Como, por exemplo, enquadrá-lofreudianamente se a mãe para ele é apenas um nomeescrito num telegrama? Nele não há a tensãointerior do neurótico que tenta enganar a si mesmo, nem umapsicose. Meursault ultrapassou os limites do superego, o local ondeas proibições morais são introjetadas. Elereprimiu a própria consciência moral até sedeslocar em relação à própria estruturaexistencial: não tem um problema para si nem dentro de si. Eletem apenas um problema na sua conexão com a realidade. Emboraele perceba a realidade, não toca a sua profundidade, mas ficasomente no seu ?aspecto chapado?: não se importa mais como ?dever-ser?. Ele até sabe que existe uma transcendência,mas não a internaliza: não a assume, sequer a deseja.



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