Essencial
(GABRIEL FLAMENS)
MAL NECESSÁRIO. Este entendimento aplica-se a todas as religiões antropomórficas, ou seja, aquelas cuja divindade tem forma humana, porque foi concebida pelo homem à sua imagem e semelhança. Mal porque mantém seus fiéis dependentes de um intermediário (Sacerdote) para se comunicarem com Deus; necessário porque oferecem aos seus fiéis um bálsamo para mitigarem suas dores, criando-lhes condições psíquico-emocionais de atribuírem à Divindade a culpa pelos seus fracassos e sofrimentos, mantendo-os na ilusão de que podem modificar as disposições do Criador de modo a satisfazer seus anseios, seja na obtenção do emprego sonhado, ou da saúde perdida, ou da pessoa amada, ou da gravidez desejada... Esta concepção da divindade e a prática religiosa dela decorrente é absolutamente necessária e útil, produzindo um grande bem às pessoas durante a fase infantil do seu desenvolvimento mental.Para se ter uma idéia, embora pálida, dos enormes benefícios desta ação religiosa, basta imaginarmos o quanto é saudável e benéfico para a saúde mental de uma criança, até aos cinco anos, dizer-lhe que no Natal o Papai Noel lhe trará o presente dos seus sonhos. De forma análoga, é fácil perceber o efeito que faria e a reação que provocaria num jovem de 17 anos, se seus pais continuassem a lhe dizer que no Natal o Papai Noel lhe trará o presente dos seus sonhos e tentassem lhe impor esta fantasia como se fora a mais pura e definitiva verdade. Ao agirem assim, as religiões antropomórficas impedem seus fiéis de seguirem seu curso natural de evolução e conseqüente conquista da verdade que liberta, e frustram seus fiéis que atingem a maturidade intelectual, muitos dos quais abandonam a prática religiosa que os amparava em suas angústias e, sem vislumbrarem a Divindade tal como ela é, transformam-se em ateus convictos. Isto, por sua vez, aprofunda seu vazio interior e a vida, por vezes, lhes parece sem sentido, já que vivem apenas em função da parte material de que também são constituídos, sendo invadidos pela convicção de que tudo termina com a morte física, sem qualquer perspectiva de reintegração na Divindade da qual vieram e à qual retornarão por destino. Deus existe e atua decisivamente na vida de cada um de nós, quer saibamos disso ou não, proporcionando-nos a condição humana e todos os benefícios dela decorrentes, mas nada tem a ver com o Deus antropomórfico que nos apresentam na nossa infância e nos incutem pela vida afora, impedindo-nos de encontrar o verdadeiro Deus. Este entendimento nos é proporcionado por Gabriel Flamens, em seu livro ?Essencial?, nos seguintes termos: ?Quando digo vós, quero dizer todos da espécie humana. Pois tu, em essência, és igual a qualquer dos seres, homem ou mulher, indistintamente, não importa a cor, raça, nacionalidade, credo que professe, estado de saúde ou de doença.? ?Todos são da mesma natureza, provêm da mesma origem e desempenham papel semelhante uns aos outros.? ?Todos vós sois, em essência, uma emanação do Divino Criador.? ?Nesse momento terá descoberto que Deus existe e está presente em cada um de vós. Caminhareis em paz, vos comunicareis com o plano divinal e desfrutareis o bem supremo de uma felicidade que até então não sentistes.? ?Ela é um bem que se destina a todos e que todos podem alcançar, bastando, para isso, que eliminem as barreiras que sua parte material impõe à comunicação com o Eu Espiritual que habita em cada um.? ?Deus é o nome que usais para designar, para traduzir para a vossa linguagem, algo que sentis e sabeis existir mas que não podeis compreender. Precisais usar esses artifícios para satisfazer vossos instintos materiais.? ?Nisso, tentais criar uma imagem de Deus, tentais reduzi-lo à vossa dimensão humana. Laborais em erro ao proceder assim e, conquanto seja uma necessidade para o nível em que vos encontrais agora, compreendereis por vós mesmos, ao vos libertardes dessa dimensão, que Deus é indefinível por palavras.? ?Ele está presente em nós, como está em vós e estará para sempre em todo o ser.? ?No momento em que alcançardes a dimensão que vos propomos, compreendereis que ele é tudo. Não sentireis mais a necessidade de traduzi-lo para uma linguagem, que apenas é o vosso veículo de vos comunicardes uns com os outros de vós mesmos.? Sabemos que em todas as formas de crença e prática religiosa existem aqueles que se dedicam a elas para atender interesses ou conveniências pessoais, fazendo-se passar por sacerdotes sem na verdade o serem. Mas sabemos também que em todas as formas de crença e prática religiosa existem os verdadeiros sacerdotes, aqueles que devotam suas vidas e dão o melhor do seu ser à causa da religião, tendo um efetivo compromisso com a verdade, não se prestando à prática que conduz à dependência como o fazem os falsos sacerdotes que, desta forma, se perpetuam no Poder que os fascina. Urge um repensar da crença e prática religiosa, a ser empreendido pelos verdadeiros sacerdotes, capaz de conduzir à estruturação de um sacerdócio libertador, que proporcione somente o bem a todos os fiéis, estejam em fase infantil ou adulta, distinguindo uns dos outros e grupando-os de modo compatível com seu nível, de modo a falar de Papai Noel a uns e do verdadeiro Deus a outros, mas nunca manter na infância os que já são adultos e proporcionar aos infantis seu crescimento sadio, de modo que também se tornem adultos e todos encontrem, cada um a seu modo, A VERDADE QUE LIBERTA.
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