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Elogio Da Loucura
(Erasmo de Rotterdam)

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A loucura à qual se refere Erasmo (1465<?>-1536) neste fabuloso e contundente ensaio é aquela que mais se aproxima da ignorância humana. Aquela mesma que nos leva a ter fé em deuses (ou em um só Deus supremo) e a acreditar em mitos como a bondade humana, por exemplo. uma loucura que até chega a ser inofensiva, que torna a vida minimamente mais agradável e o mais condizente possível com nossas aspirações mais pulcras que deixamos (ou tentamos deixar) na infância.Na dedicatória, escrita pelo autor a seu amigo Thomas Morus, ele deixa claras essas intenções ao compor essa peça satírica, e também quem são seus maiores inspiradores, entre eles o filósofo Demócrito e seu maior mentor, o escritor grego Luciano de Samosata (autor dos elogios do parasita e da mosca). Também cita como fontes outros de seus precursores, alguns dos autores que já haviam defendido idéias deliciosamente prosaicas e contraditórias à opinião pública, como Glauco, que havia escrito seu conflituoso elogio da injustiça; Sinésio, que fez o elogio da calvície; e, entre outros, Virgílio, com seus elogios do mosquito e do "requeijão" (tradução aproximada de "moretum", um tipo de queijo).Há muito Erasmo observava a sociedade em que vivia (e vivia em várias, esteve quase sempre viajando, por países como Suíça, Itália, Inglaterra, França, fixando residência nestes três últimos) com o olhar crítico do grande cronista que era, e neste opúsculo ele aponta os inúmeros defeitos de seus contemporâneos (e, claro, os nossos, pois o que mantém este relato sempre atual é a estupidez humana, que continua a ser fabricada ainda em larga escala nos nossos dias) de forma cáustica e com uma classe wildiana. Apesar de tratar de assuntos que não têm graça alguma (como, por exemplo, a hipocrisia dos governantes e de outras autoridades, como a Igreja ? nada ficou incólume à metralhadora giratória rotterdanesca), Erasmo o fez com bastante desenvoltura, muito humor negro dos bons e uma naturalidade de quem já estava havia muito, familiarizado com o assunto. E ele realmente estava, mesmo que a contragosto, pois viveu sempre em meio aos mais diversos tipos de intelectuais, dirigentes políticos e outros personagens e formas de tirania que ele "nocauteia" neste livro. Foi ordenado padre em 1492, o que não o impediu (na verdade, o ajudou) de se tornar um critico também da Igreja, talvez por jamais ter se conformado em ter crescido num convento, por conta da morte precoce de seus pais.De uma forma espontânea e divertidíssima, ele nos mostra que, onde a loucura se instala, encontra-se também a alegria de viver, a felicidade (ou o mais próximo que o ser humano possa chegar da tão sonhada felicidade), os melhores delírios e emoções de nossas vidas e explica que isso se dá porque todos esses sentimentos são sinônimos da loucura, que neste brilhante relato (escrito na primeira pessoa) se autodefine como "uma verdadeira dispensadora de felicidade que os latinos chamam Stultitia e os gregos, Moria". A loucura também é apontada pelo autor como a "personificação" da sinceridade total, da verdade que tanto almejamos, uma sumidade de bondade e respeito para com a humanidade, que dela tanto necessita para levar sua vida adiante. E, do modo como Erasmo o explica, é quase impossível discordar.A própria loucura (que, segundo ela mesma, apropriadamente nasceu nas Ilhas Afortunadas) reserva também um espaço de franca auto-análise, no qual ataca os "superloucos", "arquiloucos", aqueles que se envergonham de sua condição, que não a reconhecem como necessária, ou seja, a maioria dos homens, que faz uso do nome da loucura como se fosse uma maldição, um xingamento. A eles, a loucura ardilosamente denomina sábios loucos.Ora, sábia loucura!



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