Anísio Teixeira E A Oficina De Mestres Do Distrito Federal
(Sonia Maria Nogueira de Castro Lopes)
O estudo apresenta-se dividido em três partes, denominadas pela autora: I - A construção da Memória ; II ? Tempos difíceis; III ? O Silêncio da Memória.No que se refere à primeira das partes deste estudo, é correto afirmar que LOPES realiza uma análise do modo como o movimento renovador que ganhou força no Brasil dos anos de 1920 vem a compor a idéia de criação de um Instituto de Educação. Subdivide-se esta parte em duas sub-seções: 1) A obra-síntese da renovação educacional; 2) Arquivos do Instituto de Educação: suportes de memória. Na primeira das subseções, a autora procura indicar como o projeto de criação deu ma escola de professores modelar para todo o País e em nível de excelência (proposto especialmente por Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo) encontra eco no movimento renovador da educação, vindo a se materializar na Escola de Professores, criada em 1932 em substituição à Nova Escola Normal criada em 1930 na época da Revolução comandada por Getúlio Vargas. Nesta subseção LOPES procura ressaltar as divergências entre Anísio Teixeira e Lourenço Filho, e entre este e o movimento renovador. Alude à direção de Anísio Teixeira à frente da Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal (1931-1935) e à atuação deste como reitor da Universidade do Distrito Federal (UDF) à qual a Escola de Professores permaneceria ligada até a extinção desta Universidade. Igualmente procura retraçar a influência de Lourenço Filho como diretor da Escola de Professores, imprimindo-lhe uma diretriz científica nos estudos, especialmente no que se refere à introdução da psicologia experimental como fio condutor das atividades acadêmicas. No tocante à segunda sub-seção, procura indicar o esforço desenvolvido pelos atores institucionais (professores, dirigentes e alunos) no sentido de manter viva a memória (ou a versão grandiosa e idealizada desta) mediante o uso de um arquivo de memória e a edição de um periódico que viriam a registrar as principais realizações empreendidas pelos docentes e alunos da Escola de Professores, tendo ressaltado seu caráter modelar e pioneiro no que se refere às metodologias de ensino e á formação ?científica? dos professores, sobretudo os professores primários.Em relação à segunda parte (Tempos difíceis), cabe indicar que esta se refere aos limites do projeto renovador da educação brasileira que deu ensejo à criação da escola de professores. Nesta parte, a autora discute as razões que levaram à crise no Instituto de Educação (e que seriam responsáveis mais tarde pela extinçãoda Escola de Professores). Toma como referências a formação da primeira turma da Escola de Professores em 1934, a crise política que leva Anísio Teixeira a se demitir da Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal em 1935 (além de aludir, é claro, à extinção da UDF naquele ano) e a ampliação das tensões entre os educadores renovadores presentes no Instituto de Educação (como Lourenço Filho) e o Governo Federal (que teria promovido verdadeira ?caça aos (supostos) comunistas) a partir de 1936. Procura destacar o quanto esta crise política teve influências sobre o andamento das atividades do Instituto de Educação e sobre a Escola de Professores, em um continuum de eventos que culminaria com a sua extinção mais adiante, voltando a ser novamente uma Escola Normal<1> em 1939.A terceira e última parte (O silêncio da Memória) trata dos eventos relacionados à extinção da Escola de Professores por ocasião do período da ditadura de Getúlio Vargas instaurada durante o período denominado Estado Novo (que se inicia em 1937 e termina em 1945). Nesse sentido, relaciona do ponto de vista da Política Educacional, a extinção da Escola de Professores à atuação de Gustavo Capanema à frente do Ministério da Educação (1934-1943), no sentido de buscar promover uma profissionalização em massa no País, objetivando uma formação profissioanl e uma formaçãoacadêmcia dual, na medida em que a aprtir do ensino primário, aqueles que desejassem uma formação secundária (que dava acesso à universidade) e os que desejassem (ou necessitassem de) uma formação profissional em sentido estrito e técnico percorressem dois ramos de ensino diferenciados. O projeto de Capanema previa que a formação de professores estaria incluída no âmbito deste ramo técnico do ensino, em nível distinto (e de certo modo inferior) ao do ensino secundário. Com isto a Escola de Professores, dada a sua vocação de instituição equiparável aos cursos universitários deixaria de ter razões para existir no projeto encetado por este Ministro da Educação. Além da intervenção direta do Governo Federal no Instituto de Educação, setores aliados à Igreja Católica viam com maus olhos a idéia de uma instituição de formação de professores em uma perspectiva que seguia os moldes do movimento renovador (especialmente no que se refere às características de ser uma instituição laica, e com orientação pautada no pragmatismo de Dewey). Estes grupos realizam então um movimento muito forte no sentido de fazer a Escola de Professores ser extinta (o que ocorre me 1939) e voltar a ser uma escola normal, alterando o currículo, os objetivos de formação e a própria dinâmica da instituição (que passa por exemplo, por uma exacerbação do civismo no âmbito de suas atividades escolares). .<1> Como escola de professores, era necessária uma formação pós-secundária, estando tal instituição ligada diretamente à esturetura da Universidade do Distrito Federal, o que conferia um diploma universitário às alunas da antiga Escola de Professores.
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