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Na Venda De Meu Pai
(Luiz de Paula Ferreira)

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A obra de Luiz de Paula Ferreira é pura reminiscência, envolvida em bucolismo e saudosismo, exibindo figuras exóticas, puras, comuns ao sertão norte-mineiro. O autor, ainda menino, de dentro da venda do pai, na antiga Várzea da Palma (MG), entre o rio das Velhas e rio São Francisco, olha o mundo em formação. Depois, se torna homem, transforma-se em escritor que ele deseja classificar como sem fôlego, uma sanfona de oito baixos, mas não é bem assim. Com fôlego de homem vivedor, apresenta o livro em três partes. A primeira, é o olhar do homem recolhendo o que se viu e se viveu na infância, dentro da venda do pai. Maria Velha, que ia à rua (cidade) para vender e tomar umas pingas, mudando de humor conforme as doses ingeridas. O povo saía das roças para visitar a rua, principalmente para fazer compras. No povoado também surgiam retirantes, que até pegavam restos de comida no chão com a desculpa de que era para não dar gosto ao capeta. Há Gregório Barba À-toa, João Velho Raizeiro,o curandeiro Anastácio, Chico Boa-Palavra, pessoas simples que ditavam o modo de viver , enfrentando as vicissitudes, mesmo as adversas, como a seca, como obra natural da terra e da vida. Era tempo em que um pilão era peça essencial ao enxoval da noiva, de mula madrinha, do tropeiro, da pesca. O texto de Gregório Barba À-toa é essência da alma matreira do mineiro das gerais. Na hora da morte, evita a extrema-unção, alegando à mulher que, após a morte não irá para a lugar ruim, pois, como os bois que ele tocou como bom vaqueiro que era, "se, no caminho, eu desconfiar que me levam para onde não quero ir...eu fico na arribada!" .
Na segunda parte do livro o escritor se caracteriza como sanfona de oito baixos. Nada disto. O instrumento pode serparco, como ele diz, mas sua produção mais parece uma sanfona de 48 baixos, colorida e brilhante. Uma jóia, como diz o texto da página 79. Logo a seguir, ensina que a felicidade não está nas riquezas materialmente mensuráveis. Apresenta mais o seu lado poético, com figuras sinestésicas do amanhecer, da luz acesa, canto das alvíssaras, misturando texto e melodia, tudo natural como o próprio sertão, onde as mudanças climáticas não são bruscas, são definidas, como a chuva de broto, que cai, vai embora, fica a cigarra a cantar.
Na terceira parte o autor apresenta algumas histórias que ele classifica como ficção. Uma Luzia Burra que, ao contrário do nome, é hábil para consertar um relógio de pesos e pedestal. No crime do homem da jaqueta, o final é intrigante. Mistura engodo, lenda e matreirice. Homem se transforma em mutuca (mosquito) para fugir da cadeia e não mais ser encontrado. Mas é de muito rir a história do fojo, quando um fazendeiro faz uma armadilha para pegar quem roubava suas abóboras e acaba capturando o compadre e uma capivara. Este texto mantém o livro na concepção do contador de "causo", como Sia Clara. Ser contador de história é característica mineira, herança moura e portuguesa. Observe bem o "causo" do homem que tinha o dom de conhecer todo o mundo que se chama Sebastião.
Além de ótimo texto, Luiz de Paula Ferreira ofereceu um livro que está sendo cobrado no vestibular da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Não havia resumos ou estudos acabados sobre a obra disponível na internet.
Benedito Said- [email protected]



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