Cocaina
(José Caetano Tavares)
CocaínaA cocaína é extraída das folhas de Erythroxylon coca, árvore originária do Peru e Bolívia, onde suas folhas têm sido empregadas há séculos, principalmente pêlos índios peruanos, que habitam as altas altitudes das montanhas andinas. Seu uso deve-se à sensação de bem-estar que produz ao aumentar a resistência física, através da estimulação do sistema nervoso central.Cientificamente seu uso teve início após observação acidental do poder anestésico da droga. Mais tarde, devido aos seus efeitos estimulantes do sistema nervoso central, foi usada no tratamento de um indivíduo dependente em morfina. O sucesso foi alcançado às custas da criação do primeiro cocainômano, ou seja, ao livrar-se da dependência da morfina, criou-se dependência da cocaína.Como anestésico local, seu uso continua, na atualidade, através de seus substitutos sintéticos como a Procaína. Apesar dos inúmeros efeitos tóxicos, colaterais e da grande facilidade em causar dependência, essas substâncias são utilizadas continuamente na prática anestésica.Na área da toxicologia, seu uso encontra-se intensa e amplamente espalhado pelo mundo, através dos toxicómanos e traficantes de cocaína.Os primeiros efeitos a nível do sistema nervoso central são a hiperatividade, a excitação e a elevação do humor e da capacidade física e mental, esta última devido à atenuação da sensação de fadiga. Com o tempo, doses maiores e mais frequentes são usadas e aparecem os sintomas tóxicos, sendo comum a associação com opiáceos, na tentativa de antagonizar estes efeitos tóxicos. Os efeitos estimulantes são seguidos por depressão central que, ao prosseguir, leva à morte por insuficiência respiratória.No aparelho cardiovascular, a administração inicial de pequenas doses de cocaína leva à bradicardia; doses moderadas causam taquicardia, com elevação da pressão arterial. Grande dose intravenosa pode causar a morte por insuficiência cardíaca, decorrente de ação tóxica direta.Os sintomas de envenenamento referem-se principalmente a nível do sistema nervoso central e acontecem rapidamente, não sendo difícil morte imediata, resultante de reação anafilactóide a impurezas na substância, de absorção rápida ou de administração intravenosa. Entre eles temos excitação, ansiedade, perturbação e aumento dos reflexos. Outros sintomas incluem cefaléia, taquicardia, hipertensão arterial, arritmia, irregularidade respiratória, febre, náusea, vómito e dor abdominal. Na fase terminal ocorrem delírio, convulsão e inconsciência, resultando a morte por insuficiência cardiorrespiratória.A intoxicação aguda por doses elevadas, além dos efeitos simpatomiméticos, pode ser acompanhada por acidente vascular cerebral, vasculite intracraniana, coma, infarto do miocárdio e morte súbita. Com doses mais baixas, os efeitos tóxicos agudos podem ser marcados por breve período de comportamento paranóide com alucinações.O uso crónico de cocaína por mulheres grávidas leva a uma alta incidência de recém-nascidos prematuros, com baixo peso ao nascimento e neurologicamente anormais.Apesar de sua alta potencialidade em causar dependência e de sua venda e uso estarem controlados por regulamentos federais específicos, seu uso é inteiramente legal no campo de anestésicos locais de inúmeras intervenções cirúrgicas. Não sabemos ainda a relação existente entre o uso repetido nas pequenas intervenções em um mesmo indivíduo e o risco de desenvolver dependência, sem falarmos nos inúmeros efeitos colaterais.Entretanto, é conhecida de muitos a miséria individual, familiar e social que Se segue ao uso compulsivo destas e outras drogas, originada muitas vezes pela utilização restrita, mas plenamente legal. Seria justo expormos o indivíduo a um risco tão acentuado, se existem inúmeros outros recursos disponíveis e isentos de efeitos tóxicos?
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