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As Categorias Do Juízo Professoral / In: Escritos De Educação
(Pierre Bourdieu)

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Neste texto, Pierre Bourdieu aborda uma questão que se refere diretamente à dinâmica de funcionamento do Campo Educacional, especialmente no que alude às relações professor-aluno e às relações entre os professores e seus pares. Trata-se de uma clarificação dos mecanismos sociais de construção das categorias de juízo dos professores a respeito de si mesmo e de seus alunos. O primeiro tema abordado nesse trabalho diz respeito ao conhecimento prático, fundamento da análise que o autor se prestará a desenvolver. Para Bourdieu, o conhecimento prático: (?)é uma operação prática de construção que aciona (?) sistemas de classificação que organizam a percepção e a apreciação e estruturam a prática (p. 187) . Esse conhecimento prático se organizaria a partir de adjetivos agrupados em taxinomias, as quais: (?)apenas exercem sua eficácia estruturante na medida em que são elas próprias estruturadas (p. 187). Dando continuidade a seu trabalho, o autor inicia uma análise da lógica norteadora (subjacente às normas escolares) das categorias do juízo professoral, as quais seriam: (?)formas de pensamento, de expressão e de apreciação que devem sua lógica específica ao fato de que, produzidas e reproduzidas pelo sistema escolar, são o produto da transformação que a lógica específica do campo universitário impõe às formas que organizam o pensamento (p. 190) .As categorias do juízo professoral relacionar-se-iam diretamente com as notas atribuídas às alunas estudadas, e teriam como base os princípios de divisão social relativos à hierarquia das classes sociais (considerada a partir do ponto de vista das classes dominantes. A transformação de critérios de classificação sociais em critérios de classificação escolares seria uma operação de alquimia social , condicionante de uma lógica de classificação em que: O mesmo adjetivo pode entrar em combinações diferentes e receber a partir daí sentidos muito diversos (p. 191-192). Tais sentidos diversos permaneceriam presentes mesmo nas avaliações professorais de alunas cuja nota não diferisse entre si de maneira significativa, atestando dessa forma o caráter não-escolar, mas sim social dos adjetivos componentes das categorias do juízo professoral. Dando seqüência a esse ?mergulho? nos mecanismos de gênese, e funcionamento das categorias do juízo professoral,, Bourdieu afirma que as apreciações se construiriam mediante: A representação que o professor tem de antemão do hexis corporal de cada uma e da avaliação que faz em função de critérios estranhosescola> (p. 192). O hexis corporal influiria desse modo, de maneira determinante na construção das apreciações, pois: fornece o sistema de índices através dos quais é reconhecida uma origem de classe (p. 193) . Partindo desses resultados, Bourdieu conceberia a escola como sendo uma espécie de máquina ideológica , a qual: (?)recebendo produtos socialmente classificados os restitui escolarmente classificados (?) de fato, essa máquina assegura uma correspondência muito estreita entre a classificação de entrada e a classificação de saída (p. 195) . Tal máquina, viria a atuar com base nos mecanismos engendrados pelas taxinomias escolares, que seriam a própria: Ideologia em estado prático, produzindo efeitos lógicos que são inseparavelmente efeitos políticos, a taxinomia escolar encerra uma definição implícita de excelência que, constituindo como excelentes as qualidades apropriadas por aqueles que são socialmente dominantes consagra sua maneira de ser e seu estado (p. 196) . No que se refere à reprodução do sistema de taxinomias do juízo professoral, Bourdieu explicita o processo de formação do habitus produzido pelo sistema de taxinomias escolares, afirmando que, graças às: Estruturas objetivas tornadas estruturas mentais no decorrer de um processo de aprendizagem que se cumpre num universo organizado segundo essas estruturas e submetido às sanções formuladas numa linguagem igualmente estruturada segundo as mesmas oposições, as taxinomias escolares estabelecem uma classificação conforme a lógica das estruturas das quais são o produto (p. 198).Ao comparar os discursos presentes na seção intitulada Notícias necrológicas dos antigos alunos, constantes do anuário da Escola Normal Superior dos anos de 1962, 1963, 1964 e 1965, com as fichas de avaliação das alunas dessa instituição, o autor teria constatado que os discursos presentes nas notícias necrológicas dos antigos alunos se estruturariam, mediante o mesmo princípio de adjetivação observado em relação ao juízo professoral a respeito das alunas observadas. Não obstante isso, o autor chama atenção para a necessidade imperiosa de que: Deve-se evitar o estabelecimento de uma relação de causalidade mecânica entre a origem social e o êxito universitário: produtos classificados, os professores não cessam de classificar a si próprios, ou seja, suas aspirações e escolhas de carreira precedem os julgamentos que o sistema fará sobre suas ambições (p. 205) . Desse modo, pode-se dizer que o habitus professoral, gerado a partir do referido sistema de categorias de juízo seria uma chave para o entendimento das adjetivações criadas e aplicadas pelos professores, também presentes nas adjetivações relativas aos seus pares.



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