Resumo de Segredos Da Espionagem

Segredos da espionagem: informação e estratégia na era da espionagem digitalMano Lima?Envia homens que espiem à Terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel?. (trecho da carta de Moisés aos hebreus)Em 15/10/1941, o espião russo Richard Sorge, filho de alemães, enviou ao governo soviético a sua mensagem mais importante: os japoneses nãoatacariam Moscou como Stalin receava. O Kremlin, então, retirou a maior parte das tropas da Sibéria e enviou-a para Stalingrado. A informação de Sorge mudou o fim da segunda guerra mundial, pois permitiu aos soviéticos expulsar o exército alemão de seu território. Esta é uma das confidências do livro ?Segredos da Espionagem: a influência dos serviços secretos nas decisões estratégicas? (Thesaurus, 2001) de Gelio Fregapani.O livro mergulha no submundo do complô e do contra-complô.O autor revela os ingredientes de astúcia, idealismo, traição e chantagem que movem os agentes secretos. Investigando a espionagem, Gelio revela faces ocultas da história do Século XX, algumas já conhecidas, outras nunca reveladas e algumas transformadas em tabu.Segundo o autor, a espionagem é tão velha quanto o mundo. A carta de Moisés aos seus patrícios, orientando a espionagem de Canaã, é uma das referências bíblicasa espionagens. ?Esta foi a primeira ordem de busca de que temos registro?, afirma Gelio.A maior parte dos elementos da moderna espionagem começou na Itália renascentista, entre os séculos XIV e XV. Naquela época, os recém-criados Estados Nacionais constituíam um corpo de embaixadas, que conciliava o serviço diplomático e a espionagem que hoje se chama inteligência. As protagonistas do seriado ?As espiãs? ? exibido pelo SBT - são três ex-criminosas recrutadas pelo serviço secreto americano para atuarem na contra-espionagem. Bonitas e inteligentes, elas colaboram com a elucidação de crimes. Quem pensa que a utilização de bandidos pelas agências de inteligência é mera ficção precisa ler o livro de Fregapani. O autor descreve osfatores que movem os espiões:dinheiro,idealismo,chantagem eaventura. Nas atividades de inteligência e contra-inteligência vale o ditado de Machiavel: os fins justiçam os meios. ?A obtenção das informações protegidas ou simplesmente negadas é a missão do serviço secreto e a viga mestra dessa estrutura é o espião?.Considerado o mentor da doutrina brasileira de Guerra na Selva, o coronel Gelio Fregapani é especialista em assuntos estratégicos e suas implicações militares, políticas e econômicas. Pós-graduado em Ciências Políticas, Política e Estratégia e Planejamento Governamental, Gelio coordenou a maior expedição científica brasileira já realizada na Amazônia. Nacionalista convicto, atuou nos garimpos de Serra Pelada e é um profundo conhecedor da exploração da madeira e do desmatamento em nosso país. Chefiou o escritório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em Vitória (ES), até 2001. Publicou, dentre outras obras: ?A conquista do Acre? (1972), ?Introdução à geopolítica? (1976), ?No lado de dentro da selva? (1993) e ?Amazônia, a grande cobiça internacional? (2000).Nas numerosas tarefas ou missões especiais desempenhadas pelos agentes secretos, os tipos humanos mais recrutados são o ?residente?, o ?correio?, o ?analista?, o ?falsificador?, o ?sabotador?, o ?sedutor? e o ?assassino?. Usando métodos e estratégias diferentes, estes espiões se igualam no propósito de servir, conscientemente ou não, a interesses estratégicos de nações, blocos econômicos e corporações. Nos filmes norte-americanos, os agentes da CIA e da KGB, a poderosa Agência Central de Inteligência dos governos americano e soviético (extinta), tem poderes ilimitados. No mundo real, a coisa não é diferente e a contra-inteligência também é expressiva. ?Há mais espiões espionando espiões do que espiões buscando informações sobre o inimigo?, alerta Gelio. No afã de colaborar com suas agências, estes agentes compram informação, chantagem políticos, roubam documentos, fabricam escândalos e crises e sabotam políticos e governos.

Espionagem na era digitalDepois da queda do Muro de Berlim e do Pacto de Varsóvia, os serviços de espionagem dos EUA, para manter o status e justificar os altos orçamentos, começaram a trabalhar também com espionagem comercial, atendendo os interesses comerciais estratégicos de empresas multinacionais. No livro ?Democracia e secretismo?, Oswald Le Winter, ex-membro da CIA, fala das interceptações de chamadas telefônicas entre autoridades brasileiras e a empresa francesa Thomson sobre um sistema de radar que os brasileiros queriam adquirir para monitorar a Amazônia. A firma americana, Raytheon, também interessada na disputa, espionou as ligações e, de posse de informações confidenciais, se beneficiou no caso do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), negócio que superou a cifra de U$ 1,3 trilhão de dólares. Segundo o jornalista Rubem Azevedo Lima, em matéria publicada no jornal ?O Farol? (março de 2000), satélites espiões continuam manipulando negócios aqui no Brasil. Ele se refere ao Echelon System - Sistema Escalão - de rastreamento, por satélites, utilizado para espionar e obter dados de acontecimentos confidenciais, de importância comercial, em qualquer parte do mundo. ?Este sistema interceptações eletrônicas de informações dos EUA começou a funcionar durante a guerra fria. Mas, antes mesmo da entrada em funcionamento do sistema Escalão, até as embaixadas brasileiras tinham, com freqüência, os seus equipamentos de criptografia e decodificação de mensagens violada por espiões?, alerta Rubem.Quem decidir folhear ?Segredos da Espionagem? em busca de informações sobre a inteligência brasileira pode dar meia-volta. Como não poderia deixar de ser, Fregapani não fala das crises na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), nem revela segredos de estado. Afinal isto é tarefa para nossos adversários. Até ao analisar a conjuntura nacional, o autor fala em códigos ? indecifráveis para a maioria dos leitores -: potencial nacional (P) e poder perceptível (PP).

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