A Morte De Ivan Illich
(Tolstoi)
O conto de Tolstoi, A morte de Ivan Illich, que reli há uma semana, é um excelente testemunho de um homem agarrado à vida, que de um momento para o outro se vê enfrentado com a morte. Ivan é um advogado, casado com uma filha, saudável, com uma carreira de sucesso,entusiasmado com o seu trabalho e satisfeito com a sua vida de pequeno burguês, bem instalado. De um moento para o outro começa a sentir-se mal - umas dores, indisposições - vai ao médico e o veredito não é nada favorável. Pela descrição de Tolstoi o seu caso clínico é tipicamente o de um cancro de pâncreas ou figado. A sua saúde vai de mal a pior e a revolta cresce perante a dor, o sofrimento e sobretudo o não entender o porquê. Porquâ tanto sofrimeno, tanto mal estar, essas dores insistentes, porquê o encontro próximo com a morte? Porque o procurou a ele, precisamente, tão bem na vida, satisfeito consigo mesmo, com a sua situação estável e confortável? Porquê este abandono, este desconforto,esta angústia crescente? Ivan vai vivendo a sua doença, a sua degradação física com um medo, uma revolta que só lhe aumentam o sofrimento. Inguém o compreende - a mulher, a filha, os amigos têm comiseração dele, tratam-no como um doente mais, dão-lhe conselhos hipocritamee animadores. Mas Ivan sae que está perdido, sente-se abandonado, só, incompreendido. Só o criado o sabe acarinhar, sentando-se horas a fio ao seu lado, segurando-lhe as pernas ao alto para lhe aliviar as dores, como quem cumpre um dever assumido com agrado, com dedicação incondicional ao seu patrão. Não menifesta uma excessiva comiseração, mas uma compreensão humana, uma companhia que é o único alívio e consolo na dura agonia lenta de Ivan Illich. Tolstoi é exímio na análise fenomenológica do homem que se enfrenta com a própria morte. A doença de Ivan vai seguindo o seu curso. NO final, na agonia já, nos últimos momentos, Ivan vê-se libertado do medo, da angústia e do sofrimento. A morte surge como uma luz e como o primeiro momento de uma outra vida, de um outro ser. A sua vida passada é apagada, já não é ele mas um outro quem vive o derradeiro momento.Desvanece-se toda a angústia e a experiência derradeira é a de uma imensa paz, de um apaziguamento total. O conto de Tolstoi é de uma humanidade intensa: primeiro a perspectiva aterradora da nossa própria morte, o sentimento de perda total, de desagregação; depois, afinal, o reencontro, a libertação a luz que apaga o medo passado e todo o lastro do próprio sofrimento. Um testemunho único, imprescindível, para pensar e compreender na grande realidade e mistério que é a morte Luisacs
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