Resumo de Fernando Pessoa, Génio Pluridimensional

É ténue a linha que pode separar o reconhecimento de uma obra genial do seu completo anonimato cultural. O reconhecimento do génio está, aliás, subjugado a um sem número de factores que muito limitam e dificultam o surgimento da obra, flor que a custo rompe o chão, na busca incessante pelo reconhecimento.
Também ele, que é descrito como tendo por si só criado uma obra de valor equivalente a cinco escritores de génio, procurou de facto reconhecimento no meio literário. Quando faleceu mais não era que um quase desconhecido poeta. Como poucos, não fez do enriquecimento propósito, apenas visou enriquecer a sua arte, e ao fazê-lo, enriqueceu também a arte de todos nós. Explorou várias correntes, diversas ?linguagens?. Viveu resignado no seu recolhimento relatando mais que meras emoções, verdadeiras torrentes do sentir, do pensar, do divagar e extravasou muito para lá da carne e do quotidiano.
Uma das mais, senão a mais, genial obra que nos deixou foi de facto o livro do seu desassossego que se intitulava precisamente "Livro do Desassossego" ("the Book of Disquiet"). A sua revelação aos olhos curiosos e aos pensares interessados poderia de facto nunca ter ocorrido, pois este livro descansou nas folhas magoadas com a sua miséria, torturadas com os espinhos do seu tormento, alucinadaspela vertigem do seupensamento, pela clareza lúcida dos seus complexos raciocínios. A sua edição, póstuma, consiste na opinião do conceituado ensaísta português Eduardo Lourenço, na mais relevante obra dentro do panorama literário português.
A heteronímia Pessoana deslumbrou as mentes de intelectuais por todo o mundo, que aos poucos se foi rendendo ao seu génio. Em Portugal, Fernando Pessoa deixou uma herança difícil de suportar, e mais difícil ainda de superar, aos demais poetas lusos.
No dia da sua morte era quase um completo desconhecido, anos volvidos é uma pedra incontornável no mundo das letras não só português, mas seguramente também mundial, e a sua obra continua a brotar como a mais cristalina água de uma qualquer fonte, tal o enormefluxo criativo que Pessoa nos legou a todos, seres mundanos e oprimidos pelo mundo racional do pensamento científico.

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