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Tortura Em Silencio
(Gilberto Simões)

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As noites da capital já não eram as mesmas desde o inicio dos conflitos no pais, poucas pessoas caminhavam nas ruas. O medo estava infundido dentro dos corações de cada paulistano.Tempos onde o medo, transformava amigos em inimigos de um estado instituído por um poder alem das forças do individuo. Os direitos sendo arrancados do cidadão, como se extrai-se dentes podres de uma boca.Nada mais fazia sentido a não ser dar continuidade na vida e nos afazeres de cada pessoa, como se nada estivesse acontencendo.Mas, como calar as vozes da liberdade, quando o grito da dor de uma tortura ecoa por paredes de ladrilhos e encerram a vida e a liberdade.Tudo estava acontecendo, ali, aqui, sob nossas cabeças, sob nossos olhares, por cima de nossos direitos.
A garoa fina novamente cortava a cidade dando lhe um tom sombio, quase não se podia ver as estrelas no ceu. Em sua luta contra a nevoa estava a lua tentando se transpor a fina camada de nuvem.O vento cortava a avenida paulista rapidamente, aumentando a sensação de frio, estava perto das vinte e duas horas, havia pouco movimento nas ruas em volta a Maternidade São Paulo. Destacava-se da paisagem dois homens vestidos de terno azul, que encontravam-se de pé na entrada da maternidade.O tempo eram de guerra, depois da lei do AI 5, tudo deixara de ser normal. As guerrilhas urbanas cresciam, com seus seqüestros e assaltos a instituições financeiras. Mas aqueles dois homens não pareciam seguranças, e se os fosse, qual o motivo de estarem guardando uma maternidade.Todos que entravam passavam necessariamente pelos dois senhores, que com olhares fixos encaravam aos transeuntes, criando no ambiente um ar de desconfiança e medo.Um carro aproximou-se da entrada da maternidade, logo um dos homens que estava a porta caminhou em sua direção. Com a mão direita estendida levou a testa em sinal de continência. A porta de um Ford Cupê abriu-se e dois homens fardados saíram retribuindo a continência ao homem que estava do lado de fora do carro.Estão aqui ?Sim, Senhor! Todos estão a espera dos senhores. Já esta quase na hora.Estão vamos, hoje damos um duro golpe nestes bastardos.Caminharam rapidamente para dentro do hospital em direção a sala de parto, em passos largos como se estivessem em marcha acelerada. O som de seus sapatos repicavam sobre o piso, os médicos e enfermeiros ao passarem pelo grupo abaixavam a cabeça em sinal de medo, nunca encarando os mesmos.Na sala de parto cinco mulheres esforçavam-se para dar a luz a seus rebentos, varias parteira e médicos auxiliavam o grupo de mães. Um odor de pinho estava por toda a sala, gritos, gemidos e suor terminavam por compor o ambiente.O grupo de oficiais entrou na sala de parto e deparou-se com um assistente, que lhes bloqueou a entrada com seu corpo opondo-os a entrada.Senhores, creio que seja melhor que aguardem na sala do Dr. Osvaldo por favor.Podem ficar a vontade e só acompanhar a enfermeira ângela.Os oficiais acenaram com a cabeça em sentido de concordância, e olhando a enfermeira afastaram-se de porta para dar espaço para que a moça sai se para fora da sala.Certo Doutor, mas os senhores que nos acompanham irão permanecer aqui na entrada da sala, e isto não é um pedido.Sampaio e Ramirez, fiquem aqui.



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