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Sagarana (parte Ii)
(GUIMARÃES ROSA)

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(Parte II de IV) Sarapalha Primo Ribeiro e primo Argemiro, ambos estão com malária, são os únicos habitantes do vau de Sarapalha, lugar dizimado pela epidemia e abandonado pelos demais moradores. Sujeitos a periódicos ataques de febre, cada vez mais sérios, esperam a morte. Saudosamente, evocam a lembrança da bela Luísa, mulher de primo Ribeiro que, ao manifestar-se a malária, tinha-o abandonado por causa de outro. Argemiro, que deseja morrer de consciência tranqüila, confessa ao primo que a sua mudança para a casa de Ribeiro foi motivada pela atração que sentia por Luísa. Ribeiro reage amargamente e se mostra implacável: manda Argemiro embora na hora em que começa a agonia. A seguinte epígrafe, como em todos os contos de Sagarana, condensa o significado do texto em questão: "Coitado de quem namora!". Argemiro, maleitoso e agonizante, é expulso por ter se apaixonado pela mulher de seu primo. A linguagem do conto acompanha o clima de desgraça e doença, os momentos de tremedeira e desvario dos dois maleitosos, compondo um quadro profundo e sensível da psicologia dos vencidos pela desolação, dos efeitos morais e sociais da maleita. Em suas andanças, como médico, pelo sertão de Minas, Guimarães Rosa aprofundou seu contato com o homem primitivo, quase pré-histórico das Gerais, enquanto ia estudando idiomas: francês, inglês, italiano, espanhol, russo, húngaro, grego, latim... Da fusão da oralidade, da fala com a pesquisa do idioma, nasce a linguagem de Rosa - linguagem do sertão e do mundo. O Duelo ? O capiau Turíbio Todo testemunha a traição de sua mulher com o ex-militar Cassiano Gomes, e faz planos de vingança. Todavia, a bala destinada a matar Cassiano (de costas) não acerta o adúltero, mas sim seu irmão, inocente. Cassiano põe-se a perseguir Turíbio para vingar o assassínio do irmão. Turíbio refugia-se no sertão, acossado por Cassiano. Durante meses trava-se uma luta aferrada, em que cada um é ao mesmo tempo perseguidor e perseguido. Algumas vezes os duelistas se desencontram por um fio. Cassiano cai gravemente doente, mas antes de morrer, ajuda com generosidade um capiau que vive na miséria, chamado Vinte-e-Um. Turíbio, ao saber da morte do adversário, fica contente e põe-se a caminho de volta para sua mulher. Vinte-e-Um, porém, o identifica e mata, cumprindo assim a vingança que prometera a Cassiano. O conto pode ser lido como uma alegoria da fatalidade, de inexorabilidade do destino humano. Enquanto os homens se perdem na busca de seus objetivos, de um fim, algo superior dispõe o contrário, o imprevisto. Minha Gente ? O conto serve de pretexto para a documentação dos costumes e dos infortúnios da vida da roça. Estrutura-se como uma espécie de paródia, meio sentimental e meio irônica, das estórias de amor com final feliz. O narrador-personagem, um moço, está de visita na fazenda do tio, empenhado em ganhar as eleições locais. O moço se apaixona por Maria Irma, sua prima, e lhe faz uma declaração, a qual ela não corresponde. Um dia, ela recebe a visita de Ramiro, noivo de outra moça, segundo ela diz, e o moço fica com ciúmes. Para atrair o amor de Maria Irma, ele finge namorar uma moça da fazenda vizinha. Porém, o plano falha - tendo como efeito secundário, não calculado, a vitória do tio nas eleições - e o moço deixa a fazenda. Na visita seguinte, Maria Irma apresenta-lhe Armanda. É amor à primeira vista; ele se casa com a moça, e Maria Irma, por sua vez, se casa com Ramiro Gouveia, "dos Gouveias de Brejaúba, no Todo-Fim-É-Bom".Como numa novela, há várias intrigas, episódios e personagens secundários. Numa dessas intrigas, Bento Porfírio comete adultério com a de-Lourdes, casada com Alexandre, o Xandrão Cabaça, que acaba matando o rival. Há, de permeio, o episódio da eleição e da vitória de Emílio do Nascimento, tio do narrador-personagem, pelo partido João-de-Barro, e que serve de pretexto para a retratação das astúcias e intrigas da política interiorana de Minas. Outras personagens se entrecruzam: Santana, o inspetordeensino e jogador de xadrez; José Malvino, guia e mateiro, conhecedor da natureza e dos costumes do sertão; o Moleque Nicanor, menino da fazenda e que, com oito anos, já sabe pegar, em campo aberto, qualquer montaria, sem cabresto nem milho, só com a esperteza de sua cor e tamanho. Surgem outras personagens como: Bilica, Agripino e tio Ludovico. A ação se passa no Saco-do-Sumidouro, entre fazendas e pesqueiros: o Pau-Preto, o Touno-Tombo, até as Três Barras. Nesse conto, o narrador-personagem, que não se identifica nominalmente, impregna sua narrativa de forte dose de lirismo. Observe também os processos de (re)invenção de palavras: por aglutinação (milmalditas) e por justaposição (até-as-pedras-se-encontram). Repare, também nas siglas C3BR (cavalo três bispos de rei), P4D (peão quatro de dama), P4BD (peão quatro bispo de dama) e P3CD (peão três cavalos da dama). Elas designam, de modo cifrado, os movimentos das peças ou sua posição no tabuleiro de xadrez.



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