Os Conflitos Da Alma Feminina, Em Lucíola E Senhora, De José De Alencar
(Márcia Elizabeti Machado de Lima)
Os romances urbanos de José de Alencar, têm como cenário a corte, ou seja, a cidade do Rio de Janeiro, portanto, é nesse contexto que se mostram, com maior evidência, Os ingredientes amorosos, românticos, pois no Romantismo não se concebia uma obra que não tivesse uma intriga amorosa. O amor como entendia a mentalidade romântica da época, sublimado, idealizado, muitas vezes platônico, capaz de renúncias, de sacrifícios, heroísmos e até de crimes, mas redimindo-se pela própria força de sua intensidade. Ressaltamos a importância da ficção de Alencar para o nosso país, abrindo espaço e prioridade à temática brasileira, nos romances indianistas, regionalistas e urbanos. Nosso objeto de análise está centrado em Senhora e Lucíola, romances urbanos que, podem ser lidos como histórias de um grande amor, mas sendo importante destacar, que os movimentos usados para criá-los, dão ao texto outra dimensão: a de recompor uma trajetória voltada para a compreensão do sentimento do outro, do mundo que cerca as pessoas e também, de desvendar as convenções sociais que regem os destinos das personagens. Alencar manifesta, nessas obras, a valorização à ordem social, às instituições, os mecanismos que asseguram e reproduzem essa ordem, como o casamento, a família, a religião e o próprio estado. A despeito de ser uma heroína romântica, Lúcia, da obra Lucíola, tem traços psicológicos fortíssimos, o autor faz questão de colocar detalhes íntimos de sua memória, dos dramas, sofrimentos, enfim, ela passa por uma experiência profunda, que consideramos de extrema importância, mas vive a castidade na alma e no coração. Lúcia se debate entre o materialismo (dinheiro), reflexo da sociedade capitalista, e a espiritualidade (salvação da alma), amparada pelas leis do Cristianismo, base ideológica do Romantismo. O lado material e o lado espiritual entram em choque, pois necessita de recursos financeiros, mas não se permite abandonar os valores cristãos, em que foi educada, não pode abrir mão da salvação da alma. Pela sua sedução, chega a ser comparada a Lúcifer, anjo de luz que desceu ao inferno. Em Senhora, a personagem Aurélia ora representa o lado romântico das mulheres que sempre estão à procura do ?príncipe encantado?, através dos sonhos, da valorização da subjetividade, da imaginação, que satisfazem o interior feminino, ora é caracterizada pelo narrador como a imagem da salamandra, lembrando a própria Eva, associada ao pecado e ao demônio, pela sedução que exercia sobre as personagens masculinas. Fugindo, assim, dos moldes da escola romântica, sendo capaz , inclusive, de pagar para ter o homem que ama. Mas, não pense o leitor que esse é um processo tranqüilo, Aurélia, no seu interior, também, se digladia entre atender às convenções sociais e satisfazer aos seus instintos e desejos. Paixão, ódio, sedução, amor, perdão, são sentimentos que a personagem vive, todos, exageradamente. Mas ao final, como personagens bem construídas, tanto Aurélia como Lúcia, se encaixam nos padrões da escola romântica. A primeira deixa o amor falar mais alto, perdoando o amado que se deixara comprar, a segunda, buscando na morte a redenção ao pecado da prostituição, que pensava não merecer em vida.
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