A Moldura
(Sérgio Silva)
Das boas coisas que um dia que disseste é que as fotografias eram a melhor memória que poderíamos ter! Então peguei numa ?memória? tua e numa moldura e pus-te no meu quarto?Sorris nesta foto como se me visses a sorrir-te e peço-te para estares em casa sempre que eu chegar, peço-te um sorriso como o que tens naquele momento, fecho os olhos e imagino a tua voz a dizer ?Sempre? estarei sempre aqui!?. Olho-te já na cama e são lágrimas que te dou a ver? Culpo-te por me teres abandonado! Culpo-me por te ter deixado ir! Talvez saiba que tinha que ser, talvez saiba aceitar a tua partida daqui a uns tempo, mas culpo-te por tudo o que nunca me deixaste dizer-te, culpo-te por não teres lutado para teres tempo de escreveres uma carta de despedida! Culpo-te por não teres agradecido o manto de grandeza com que te cobri quando me obrigarão a despedir numa realidade que eu teimava em não aceitar! Sussurrei-te que tu eras ?Grande ?? Eras tão grande e agora pus-te numa moldura! Que ironia! À moldura peço que te guarde sempre, que te proteja do tempo e dos ladrões de memórias, que te guarde para mim quando eu fingir que já não te guardo em mim! Peço-lhe que seja o meu cofre-forte de tudo o que construíste em mim, de tudo o que criaste e de todos os sentimentos que em cultivaste e agora deixaste ao abandono! Confesso que me Culpo por tudo o que guardei e culpo-me ainda mais pela fraqueza de não ter sabido aceitar uma partida que era apenas incontornável! Não vou apagar-te sem te deixar registada! Não vou pedir que feches todas as portas que ficaram abertas! Não vou roubar o tempo de alguém para falar de ti? Vou guardar-te numa moldura! De lá ninguém te tirará. E é lá te encontrarei, quando me faltar as forças de te procurar noutros lugares ? Não vou mentir, nem tudo o que escrevi é verdade? Confesso que não te culpo, confesso que sei que se te culpasse era mais fácil! Na realidade, serás tu a única a saber disso!
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