A Cidade E As Serras
(Queirós, Eça de)
Publicada postumamente, revista por Ramalho Ortigão, esta obra revela o génio do autor na sua plenitude.
Jacinto, o último da casta dos Jacintos e intitulado pelo seu amigo José Fernandes, o ?Príncipe da Grã-Ventura?, nasce e cresce em Paris e está habituado a todos os luxos e facilidades da civilização. José Fernandes, nascido nos confins do Douro, em Guiães, estuda em Coimbra e, graças a um tio rico, vai para Paris onde conhece Jacinto. Burgueses, a viver das rendas das propriedades do Douro, percorrem a Cidade Luz filosofando acerca da Civilização, da ruralidade, sociedade, economia, vaidades e humildades, com umas pitadas de amores mal amanhados e muita boémia. Para enterrar condignamente os seus antepassados, Jacinto desloca-se a Tormes, terra dos seus, e descobre que a civilização não é tudo.A Cidade dá tudo aos dois convivas, e tanto dá que acaba por os aborrecer. O espaço rural, simbolizado por Tormes, mostra a Jacinto que a Civilização de nada vale se não se apreciar condignamente a Natureza e tudo o que ela oferece.Eça enquadra as duas realidades com grandiosas descrições e estocadas de ironia que provocam a gargalhada aqui e além.
O Mestre do Realismo estabelece uma brilhante imagem da sociedade parisiense e do Douro rural português nos finais do século XIX com alusões às correntes filosóficas da altura, como o Socialismo, Pessimismo, Liberalismo e Absolutismo Portugueses.José Fernandes é o narrador e naturalmente Eça revê-se nele. Na edição portuguesa, publica-se uma carta do autor a sua esposa que revela de onde lhe veio a inspiração para escrever a obra, principalmente o episódio em que Jacinto e José Fernandes chegam à casa de Tormes..A leitura dá-nos vontade de conhecer os locais onde se passa a acção, seja pelo bulício e vício de Paris ou pela calma e aconchego das serranias vinhateiras do Douro Património Mundial.
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