Sobre Uma Imagem De Guerra
(José Fanha)
Já vimos todas as imagens de Varsóvia da Somália ou de Saigão. Vimos todos os gritos de terror da criança a preto e branco a branco e preto a preto e sangue a criança que ficou desmembrada na cratera da imagem convocando para sempre os navios da demência e da vergonha Já vimos imagens de todas as guerras em todos os cantos da geografia do pavor. Mas o cheiro não vem nas imagens Digo o cheiro azedo. O insuportável cheiro a medo e morte o cheiro a carne a arder o cheiro a ódio que desliza pelo metal bem oleado e retalha a carne jovem até dela só restar dor e lama negra negra e dor. As imagens que já vimos trazem o olhar vazado e frente a elas os poemas são inúteis. Para lá da composição, para lá do papel e do grão, no sítio do precipício onde Munch enlouqueceu, todas as palavras são crucificadas e todos os nomes naufragam no vitríolo e as pétalas da rosa caminham estupefactas para dentro da podridão.
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