Clarissa
(Érico Veríssimo)
Narrativa em terceira pessoa, onisciente, descreve personagens silenciosos que ultrapassam o cotidiano com suas histórias criativas em um e-terno divagar.Clarissa, a personagem principal, uma menina que silenciosamente cria seu mundo e dele revira tudo do jeito que deseja...Sonha e sonha...Com seus 13 anos inicia o romance e com seus 14 abandona o livro, voltando para sua terra, um sítio do interior, ao terminar seus estudos na pensão de Eufrasina- tia Zina- onde podia observar, descobrir e analisar tudo que via através dos hóspedes tão diferentes em suas idéias e personalidades.A temática a introspecção...O mundo subjetivo de cada pessoa, ainda que Amaro, um inquilino de 40 anos que amava compor e ser poeta e que sobrevivia pelo emprego bancário, era sem dúvida parecido com Clarissa no seu silêncio e aprofundamento de tudo que observava, diferindo apenas que era infeliz por nada ter conseguido na capital de seus sonhos artísticos. Já Clarissa começava a vida, era alegre e até gostava de conversar, mas os adultos não conseguem dar todas respostas que um jovem adolescente necessita saber. E então, com a tia que a tolhia até de sair, para seu bem, só tinha noticias de seu mundo adolescente através de duas amigas irmãs que saiam e namoravam muito. Clarissa analisava cada hóspede, e por Amaro, a curiosidade era maior, de tão calado que era. Amaro amava contemplar Clarissa, amava-a silenciosamente, afinal 25 anos os separavam na idade.Érico mostra personagens puros, personagens mais atrevidos e consegue num misto de idéias criar uma expectativa durante toda a leitura, expectativa que nunca se concretiza. A idéia que se tem é que alguma coisa forte vai acontecer na pensão, mas o único acontecimento que escapa e que movimenta a trama é a morte de Antônio Conceição Barbosa, o Tonico, rapaz que sofreu acidente de trem e perdeu as pernas e que seu sonho era ser soldado e ir para guerra. Vivia na cadeira de roda exposto ao sol, esquecido ao sol. no quintal da casa vizinha à pensão.Há informações de todos os pensionistas, porém Amaro é um pouquinho mais importante por sustentar até o final da história um romance que se sugere entre ele e Clarissa, mas que não acontece.No final , nas últimas linhas, sentimos o quanto Amaro se interessava por Clarissa ao v^-lo no quarto vazio dela, após sua partida e Amaro levar o maior susto ao ouvir uma voz gritar: "Clarissa." Foi como se tivessem descoberto seus mais íntimos sentimentos. Porém o narrador deixa suspeitas de que era apenas o Mandarim a gritar: o papagaio.Uma leitura leve e gostosa, que fala de nós mesmos, personagens constantes dessa vida de existir e ser alguém. Cada um acredita e vive do jeito que acha melhor, cada um tem sua crença, sua vida e seus conhecimentos internalizados, e cada um vive como lhe é possível viver.A pensão é de classe média, com estudantes, velhos e a única criança: Clarissa. Até os animais fazem parte da história, cada um ao seu jeito de viver. Desde uma simples formiga, ao cachorro de rua, ao papagaio ou pirolito - peixinho que amaro lhe dá de presente nos seus quatorze anos.Enfim, é um romance com narrativa psicológica que questiona a vida e as nossas ocupações na sociedade, a diferença entre os sonhos e os pensamentos com a realidade, a prática para sobreviver.Uma história que tem de tudo que a vida tem até hoje, pessoas de todos os tipos e gostos numa luta meio que desigual, para apenas poder existir dentro de um sistema que preza pela produção e consumo da vaidade, preza pelas divisões de classes deixando uma grande ilusão de que há pessoas umas mais valiosas que as outras devido sua renda, sua profissão e sua educação, desvalorizando todas as pessoas que se voltam para os os valores introspectos do ser.
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