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Clonagem E Filosofia
(Lúcio Júnior)

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Apesar de começar usando uma palavra nova como ciberhumanismo, o objetivo dessa palestra é de simplesmente explicar como a filosofia pensa avanços tais como a clonagem e a física quântica. Nos ateremos a essas duas questões, por uma questão de tempo e de brevidade da exposição. A questão, como o próprio título adianta, é ainda o humanismo. O debate filosófico sobre o humanismo e a clonagem foi aberto com o artigo Regras para o Parque Humano do professor Peter Sloterdijk, que ensina filosofia da arte na Universidade de Karlsruhe (1997), Alemanha. Desde as primeiras vezes que foi apresentado, o texto suscitou, segundo os adversários, a indignação de alguns presentes. Finalmente, Sloterdijk foi atacado pelo jornalista Assheuer com termos agressivos no jornal Die Zeit. Assheuer acusava o projeto de Sloterdijk de auto-superação dos seres humanos de eugenia e fascismo. Em seguida, Sloterdijk afirmou que, por trás do artigo de Assheuer estaria a mão de Jürgen Habermas, o mais consagrado filósofo alemão ainda vivo. Habermas negou. Após isso, uma carta de Habermas a Assheuer se tornou pública. Ficou patente que Habermas realmente tinha solicitado a intervenção do jornalista. Segundo o jornal francês Libération, a polêmica também foi causada pela fraqueza mostrada pelos artigos de Habermas contra toda clonagem humana no jornal Die Zeit. A polêmica também causou espécie por assumir um conteúdo de embate pessoal. Assim sendo, a imprensa da França anunciou a polêmica como sendo uma briga à francesa, um tipo de embate com o qual os alemães não estão acostumados (o que é curioso para nós brasileiros). Outro dado é que Sloterdijk não esconde sua vontade de abalar o consenso buscado por democratas como Habermas em seu país, e representado por governantes como o democrata cristão Helmut Kohl. O mesmo filósofo afirma também que assume o risco de pensar. O jornal Liberátion, apoiando-se no conceito de parque humano, utilizado por Sloterdijk no título mesmo de sua comunicação, e ignorando que Mas, voltando à questão do humanismo: Sloterdijk é polêmico pois, junto com Francis Fukuyama, é um dos grandes adversários intelectuais do humanismo. Fukuyama é identificado à direita conservadora americana, e ficou famoso quando, em 1989, escreveu um artigo sobre O Fim da História. Para Fukuyama, a revolução biotecnológica vai criar as condições de uma história pós-humana. Ele supõe que, daqui a duas gerações, a biotecnologia nos dará os meios para conseguir aquilo que os cientistas sociais não conseguiram fazer: modificar profundamente o substrato natural do comportamento humano. Assim sendo, estaremos terminando definitivamente com a história humana, porque teremos abolido os seres humanos como tais. Aí comecaremos uma nova história, para além do ser humano. Infelizmente, é possível notar que esse autor, por seu conservadorismo, não sente dor de consciência em imaginar um mundo onde sub-homens estariam a serviço dos super-homens. Sloterdijk, por sua vez, está em outro espectro do campo político. Ele se encaixa numa tradição da filosofia bastante criticada pelos representantes atuais da Escola de Frankfurt (simpatizantes da social-democracia e da democracia cristã que dominam a Alemanha), a linhagem de Nietzsche e Heidegger. Com base no pensamento desse último, Sloterdijk fala em domesticação do ser. Para tanto, ele retoma a questão seguinte: como o homem chegou a este ponto de tomar consciência de que o mundo está aí? Ele retoma Heidegger, mas também segue os ensinamentos atuais da paleontologia e da antropologia. Sloterdijk acredita, também, que o cinismo é uma forma de abrir um debate escamoteado. Ele rebate a acusação de ser fascistizante, mas considera que não é através de um humanismo tolo, que coloca um interdito total como um paravento, que nós poderemos combater uma eugenia que não será mais coletiva, mas comercial. jk, a experiência do ser não é uma tomada de consciência súbita e absoluta, mas um progresso do homem, que consegue ir ampliando seusespaços. Sendo assim, o filósofo consegue ligar a tomada de consciência à aventura tecnológica. O homem está em vias de domesticar o seu próprio ser, afirma Sloterdijk, neste momento em que a plástica genética acena com a possibilidade de retardar ao máximo a maturidade do ser humano. Nossa cultura, ainda marcada pela filosofia grega, que estabelecia oposições tais como forma/matéria e sujeito/objeto, terá de ser repensada, pois não abre lugar para os híbridos produzidos pela cultura, compostos simbólicos-materiais. Fora a descoberta, no coração do vivente, que nossos genes não são nem alma nem corpo, mas informação. Sloterdijk sugere que a passagem ao paradigma da informação valoriza a cooperação contra a dominação na sociedade, nos deixando mais livres dos condicionantes da natureza. Enfim, ele conclui (e nesse parágrafo resumimos rapidamente o livro A Domesticação do Ser) dizendo que uma catástrofe política poderá acontecer se os cidadãos não melhorarem sua autopercepção para poderem usufruir desse momento da humanidade. E finaliza otimista, dizendo que o homem é o produto duma abertura fundamental para a auto-criação, uma força de experiência e uma potência poética.



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