Amor E Perdão
(Alice Juliane)
O ESQUILO
Ainda hoje me lembro dos dias que passava na casa dos meus tios, no pé da Serra da Cantareira. Aquela chácara, para, mim era o paraíso. Logo no primeiro dia, me assustei com um bichinho que deceu de uma árvore e que, ao me ver, se assustou também e tornou a subir, desesperado.
Chamei meu tio ao gritos, dizendo que havia visto um rato subir na árvore. Meu tio me olhou desconfiado. Afinal, ali não era exatamente um lugar que os ratos escolhiam para viver.
Mais tarde, criei coragem e voltei lá. Olhei para cima e o bichinho estava lá, me olhando, ofendidíssimo por eu tê-lo chamado de rato. Parecia me dizer: então você não sabe que sou um esquilo? Você já viu meu rabo, como é peludinho? Tem alguma coisa a ver com aquele rabo fino e comprido que eles têm? Todos dizem que sou engraçadinho, bonitinho, e você vem dizer que eu pareço um rato?
Eu poderia jurar que ele estava me dizendo tudo isso. Então fiquei com pena delee tentei desfazer o mal entendido.
E então, olhando para ele, comecei a falar que eu era da cidade e não conhecia muitos bichos. Que ratos eu conhecia porque sempre aparecem onde tem lixo, sujeira, e perto da minha casa tinha um lixão. Terminei pedindo desculpas a ele e, para minha surpresa, ele foi descendo, descendo, até chegar bem perto de mim, se esticando ao sol, ao meu lado.
A partir daquele dia, nos tornamos grandes amigos. Todas as tardes eu ia me sentar aos pés daquela árvore e ficava esperando meu amiguinho descer. Lembro-me como se fose hoje, que passávamos horas conversando, sem dizer uma única palavra.
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