A Moreninha
(Joaquim Manuel de Macedo)
Distante da tentativa de através da escrita romanesca criar um ambiente que leve tanto à dúvida e à inquietação quanto ao questionamento da realidade, tornando-se um meio de revelação e conhecimento, surge A Moreninha, um romance de Joaquim Manuel de Macedo.Os personagens são selecionados atendendo ao gosto burguês, não se pode esquecer que se escrevia para uma minoria literata, precisava, portanto ?agradar? e essa minoria não pertencia à outra classe senão à burguesia. Assim, seus personagens são lineares, os masculinos parecem-se entre si, distinguindo-se através dos nomes ou de alguma pequena característica pessoal. Os femininos não fogem à regra, apenas as características das primas de Felipe, de loira e outra de cabelos pretos parecem metamorfosear a representação do ideal de beleza clássico e romântico. Mas todos acabam previsivelmente representando comportamentos e personalidades comuns. Quem vem quebrar toda essa linearidade e não menos de forma previsível é a Moreninha que aparece inovando e não pertence a nenhum ideal de beleza conhecido.A descrição dos personagens que compõem a sociedade feita pelo autor é típica do século XIX e representam tipos comuns: estudantes, moças solteiras, senhoras respeitáveis. O autor deixa de fora tipos marginais como o pobre ou o escravo ? este último é mencionado no romance, mas com características do tipo: cravo-da-índia, maldito crioulo, diabo de azeviche , etc. Se fizermos a descrição dos personagens teremos em Augusto, um estudante inteligente e namorador. Dotado de sólidos princípios morais, mas que esconde atrás do comportamento volúvel e namorador, uma promessa, um juramento de amor que mais tarde se concretizará no reencontro com Carolina( A Moreninha). Torna-se, portanto aparente a inconstância de Augusto, na verdade é o disfarce usado para se manter fiel ao ideal de amor.Felipe, Leopoldo e Fabrício são amigos de Augusto e, como já mencionado, não parecem diferentes entre si,nos remetem a pensar que só estão ali para preencher possíveis lacunas na trama ou para caracterizar o comportamento estudantil da época, também não menos de forma idealizada: todos são aspirantes a médicos.Quanto às personagens femininas, algumas delas são amigas de Carolina e apresentam-se faladeiras, fúteis e visivelmente interessadas em casamento, o que é bastante compreensível, visto que, naquele tempo, as mulheres que não se casavam o quanto antes corriam o risco de ficarem ?solteironas?.No grupo das senhoras encontramos algumas boas e respeitadas, algumas cuja a companhia era agradável como a D. Ana e outras que se tornavam tediosas como D. Violante.Por fim,Carolinaé a criação de um mito romântico brasileiro, é a tentativa de escrever a beleza feminina romântica e genuinamente brasileira. A busca de uma identidade nacional faz o escritor romântico ir de encontro a um ideal de beleza que não seja o europeu, uma vez que aqui no Brasil, clima e povo possuíam características diferentes do que era até então conhecidas.Estes personagens (exceto Carolina e Augusto), funcionam como algo do tipo ?pano de fundo?. Compõem características da sociedade que está reproduzida na casa de D. Ana, numa ilha paradisíaca, própria para a descoberta do amor. A fuga se dá aí pela idealização de mundo: a ilha corresponde a um lugar distante dos conflitos e misérias da sociedade real. Lá o tempo parece um só, tudo está em perfeita harmonia ? homem e natureza.Além disso, fugir das cidades representava fugir do que há em seus costumes e aqui me refiro aos laços que juntavam homens e mulheres: o casamento. Diga-se de passagem ? arranjado.Estar na ilha, fazia com que Carolina não estivesse fatalmente prometida a um futuro esposo que ao menos conhecia, assim como Augusto. Ambos estavam comprometidos um com o outro, mas por vontade própria, unidos pela fidelidade a uma promessa feita quando pequenos e que os uniriam para viverem ?felizes para sempre?.
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