?Colhi rosas do oceano
Para enfeitar os teus caminhos.
São flores frágeis como o cristal,
Rosas doces que não possuem espinhos.
Sensíveis como nossos sentimentos,
De delicadas pétalas,
Igualzinho ao nosso amor.?
As rosas do oceano são flores que um dia foram jogadas ao mar.
Dádivas, oferendas dedicadas aos deuses.
Perfumadas promessas de amor, pedidos desesperados.
Plantas que Se cristalizaram no fundo do oceano
E que criaram resistência ao sal.
Instalaram-se comodamente no fundo do mar
Muitas delas imunes e bravas fertilizaram valentemente e floresceram.
Fizeram dos abismos seu habitat preferido.
Poucos são os que podem chegar até elas.
Vê-las é quase uma utopia, um devaneio.
Sentir seu perfume inigualável é igualmente distante.
Os poetas as tem estampadas na alma.
Existem coisas que, por serem tão simples e singelas,
Somente eles são capazes de perceber,
De imaginar, de ver, de tocar e de sentir.
Porque o poeta é essência além da vida,
Algo que todo homem deveria ser.
Diz a lenda;
Que numa noite vazia, sem estrelas nem luar,
Um índio apaixonado chorou por um amor e jogou rosas no mar.
Fez pedido, rogou aos deuses pelo amor de uma linda índia tapuia.
Era a mais bela índia da tribo.
Que por sua beleza pagava o alto preço de viver só.
Nenhum índio na aldeia tinha coragem de chegar até ela,
Parecia impossível dirigir-lhe a palavra, sequer toca-la.
Naquela noite de total escuridão no céu,
As rosas que o jovem índio jogara ao mar
Foram parar no abismo mais profundo do oceano.
Após suas orações, quando ele se ergueu da areia
Pode sentir ainda o perfume das rosas.
Lágrimas caíram de seu rosto e se misturaram ao mar.
Subitamente, quando olhou para o céu,
Maravilhou-se ao ver milhões de estrelas.
Nunca se viu céu igual.
A lua vaidosa iluminava o oceano tocando o horizonte com seu brilho.
Naquele instante, quando o índio virou-se para voltar a aldeia,
Ficou estático, pois tinha diante de si a jovem índia.
Lentamente ela se aproximou dele.
Nos olhos dela também haviam lágrimas,
E elas foram se juntar as dele nas ondas do mar.
Ele corajosamente indagou-lhe o porque de seu choro.
Ela lhe confidenciou sofrer por um grande amor não correspondido,
Pois todos os homens tinham medo de se aproximar dela.
Disse que talvez fosse feia de mais para ser amada e desejada.
Tendo o mar por testemunha,
Ele então, sentindo que poderia explodir de tanto amor,
Encheu-se de ousadia e de coragem confidenciando a ela que também tinha um amor,
Que era o único e o maior amor de que já se tivera noticia.
Após uma pausa e uma troca de olhares entre os dois ele indagou;
- Se te confessar quem é esse meu amor, prometes me confessar quem é o seu amor?
- Eu prometo. Jurou ela tendo o brilho das estrelas e da lua refletidos nela.
- Você é o meu amor. Segredou ele tomado de emoção.
- Você é o meu grande amor. Confessou ela.
Naquele momento os dois semi-nús se abraçaram, se beijaram e juraram a eternidade que deveria de ter todo os amores dos
Mundos.
Uma imensa onda surgiu subitamente no centro do oceano e ao se aproximar de seus pés se fez menor,
Trazendo consigo centenas de rosas doces, perfumadas e sem espinhos.
Ele se ajoelhou e apanhou muitas delas (tantas quanto pode),
Entregando-as para ela que repetidas vezes lhe jurava amor eterno.
Naquela noite o fundo do oceano fora coberto de rosas.
Os dois então abraçados às rosas que tomaram para si agradeceram aos deuses e ao mar
Por tudo o que lhes acontecera naquela noite.
E um pedido fizeram.
Que aquelas rosas só poderiam ser imaginadas, vistas, tocadas e oferecidas por
Aqueles que nutrissem o mais puro, mais sincero e verdadeiro amor.
Com Carinho; ROSAS DO OCEANO ? Poemas Eternos de Hermínio Evangelista ( Minno )
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