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A Hora De Jogo - Diagnóstica Individual
(ARZENO, Maria Esther Garcia.)

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Durante a hora lúdica não é necessário que a criança permaneça o tempo todo brincando. Há silêncios eloquentes como os dos adultos, há momentos de inatividade que não significam passividade, assim como há muitas conversas que não podem ser consideradas como comunicação e atividades que tampouco podem ser consideradas como tais.
Um paciente pode chegar e contar tudo o que fez na escola como se etivesse simplesmente relatando um noticiário, carente de qualquer emoção. A nossa contratransferência será de falta de aborrecimento. Esse é o sinal de que esse ?blá-blá-blá? serve somente para encobrir o silêncio e deixar-nos confusos. O mais oportuno seria interrompê-lo e dizer-lhe: ?Bem, agora vamos falar do motivo que traz você aqui, o que acha??
Alguém comentou comigo em certa ocasião que teria entendido que a primeira entrevista com o paciente devia ser livre e projetiva e o profissional não deveria falar durante 45 minutos, após os quais poderia começar uma entrevista mais estruturada. Considero que se o paciente falar todo esse tempo podemos escutar sem interrupção nenhuma, mas se ele permanecer calado, essa postura será insustentável tanto para ele quanto para o psicólogo. Essa indicação é uma má interpretação do que seria uma atitude não intervencionista, não interferente, para recolher a produção espontânea do paciente.
O papel do psicólogo na hora de jogo diagnóstica é o de um observador não participante. Mas essa não participação tem um limite. Existem crianças que ao chegar já solicitam que façamos alguma coisa com elas. Essa pode ser a forma que elas encontram para manter-nos entretidos porque temem que possamos fazer-lhe algum mal, uma sedução por motivos mais ou menos semelhantes, ou então, uma verdadeira forma de buscar contato. Como negar-lhes esse contato? No máximo tentaremos que a criança marque na folha de respostas para não misturar as nossas projeções com as suas, da mesma forma que faríamos em uma hora terapêutica.
Responder ao pedido de brincar é funcionar como Ego auxiliar da criança; é responder com a mesma frequencia de onda que nós mesmos propusemos para a nossa comunicação. Se não, para que então colocarmos brinquedos sobre a mesa, que serão vistos pela criança?

Outra dúvida frequente se refere ao fato de fazer ou não anotações durante o transcurso da sessão, seja ela diagnóstica ou terapêutica: o ideal é não fazê-lo, ou então, anotar algum detalhe que nos permita depois reconstruir a sequencia completa.
O psicólogo anotando minunciosamente tudo o que a criança faz torna-se persecutório, distrai tanto a criança como a si mesmo e provoca outras reações na criança (ou adolescente e, inclusive, nos adultos), como, por exemplo, rivalidade se eles não sabem escrever ou não o fazem tão rapidamente quanto nós, intriga se não entendem nossa letra, tentação de transformar a sessão em uma aula escolar, favorecendo as resistências, ou então em um escritório no qual somos a sua secretária e ele nos dita o que devemos escrever.

Dentro de um armário permanecerão guardadas as caixas dos outros pacientes e não será permitido que a criança nem a sua família as examinem livremente. Esse também é um elemento importante do enquadre e significa que prometemos guardar segredo profissional, não permitindo a interferência de estranhos na sua individualidade, assim como nesse momento não permitimos que eles toquem o que não lhes pertence.
No primeiro contato com os pais, ou seja, durante a primeira entrevista, faremos perguntas sobre as diferentes áreas da vida da criança. Uma dessas áreas a serem ex´ploradas é o seu tempo livre, o que faz, de que brinca e com quem. Se existir um material que seja de sua especial preferência, podemos incluí-lo no material da caixa ou, dependendo do que for, pedir à mãe que o traga quando vier com o filho para a hora de jogo. Suponhamos que seja um ursinho de pelúcia ou uma boneca que sempre a acompanha. Sem dúvidas, esse não é um verdadeiro ?brinquedo?. Como diria Winnicott, é um?objeto transicional?, que é o que vai ajudá-lo a separar-se da mãe em seu processo de individuação.
Em certos casos, é conveniente incluir brinquedos ou materiais que estejam relacionados com o conflito da criança para ver quais as associações que surgem.

Não é permitido, seguindo a regra de abstinência de S. Freud, assumir papéis que a criança (ou adolescente ou adulto) nos atribua e que impliquem uma atuação da transferência agressiva ou erótica, pois isso perturba o sentido da situação analítica. A mesma postura aplica-se à situação diagnóstica.
Em relação às condutas agressivas, tais como sujar ou estragar, devemos deixar fazer até o ponto em que possamos nós mesmos consertar o objeto danificado. Por exemplo, podemos aceitar que suje uma parede de azulejos, mas não uma que não possamos lavar facilmente, podemos aceitar que rasgue papéis, giz, lápis, mas não a cadeira na qual logo após deverá sentar outra criança. Quando os pais estiverem presentes e a criança fizer algo perigoso ou danoso, serão eles os que, em primeiro lugar, deverão colocar os limites. Se não o fizerem, já teremos uma informação muito valiosa. Se o fizerem, observaremos quem e como o faz. No caso de nenhum dos membros da família colocar um limite necessário, isso deverá ser feito pelo profissional.



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