Carta De Caminha
(Pero Vaz de Caminha)
Pero Vaz de Caminha nasceu em 1450, prestou alguns serviços à coroa portuguesa e em 1500 compôs a frota dirigida por Pedro Álvares Cabral. Na qualidade de escrivão desta referida frota, coube a ele redigir uma carta ao rei Dom. Manuel I comunicando-lhe sobre o "achamento" da terra brasileira. Neste sentido Caminha inicia seu texto, contando-nos como fora sua viagem. A Partida se deu no dia nove de março de 1500, na manhã do dia 14 estavam entre as ilhas Canárias e no dia 22 na altura de Cabo Verde. No dia 23, o autor nos conta sobre o único acidente da empreitada, quando uma nau se perde sem nenhuma justificativa aparente para isso. Com um navio a menos a viagem prossegue. No dia 21 de abril, terça feira de páscoa, reconhecem-se sinais de terra. No dia seguinte avistam um monte e logo em seguida terra! Caminha nos conta que o capitão nomeou a terra como ?Terra de Vera Cruz? o monte, em virtude da proximidade da Páscoa, como ?Monte Pascual?. Dia 23, navegaram para a dita terra. Neste momento se deu o primeiro contato entre nativos e portugueses. Eles não se entenderam e limitaram-se a trocar presentes. Pero Vaz de Caminha faz então, uma atenciosa analise destes nativos, destacando os fatos que lhe chama a atenção, como a beleza, a nudez e a inocência destes homens. Estes mesmos comentários, sobretudo a respeito da nudez, serão repetidos diversas vezes ao longo da carta. Caminha também fala várias vezes da necessidade de catequizar estes homens, que ele julga ser puro e pronto para receber a fé católica. Ele acredita que os nativos não têm nenhuma outra crença. No dia 24, os navios menores entram em um abrigo natural, fazendo-o de porto. Cabral o chama de ?Porto Seguro?. É neste dia ainda que ocorre um dos fatos mais conhecidos do descobrimento: Um casal indígena é convidado a subir a nau portuguesa e lá chegando, apontam em direção a um colar de ouro e a um castiçal de prata, apontando em seguida a terra. Esses movimentos foram interpretados por Caminha como sendo indicativo da presença de ouro e prata naquela terra. No dia seguinte os demais navios também entram no Porto Seguro e no dia 26, sendo domingo de Páscoa, ocorre a primeira missa. Esta missa foi assistida por todos os integrantes da frota portuguesa e pelos índios da região. Nos quatro dias posteriores os marinheiros ajudados pelos nativos preparam os navios para seguir viagem. Paralelamente, uma cruz de madeira foi feita pelos carpinteiros da frota, fato este que muito atraiu a curiosidade dos índios, segundo caminha mais pelos instrumentos de ferro usados (desconhecidos para os nativos), que pela cruz em si. No dia 1º é celebrada uma segunda missa. Desta vez, além da missa foi colocado junto a uma árvore a tal cruz de madeira. Os portugueses, a mando de Cabral, se ajoelham e beijaram a cruz. Com isso queriam mostrar aos índios a dedicação e submissão que tinham para com aquele ícone da religião católica. No dia seguinte partiram, deixando pra trás, além da cruz, dois homens condenados à morte com a missão de entender as línguas e costumes daquela região. Caminha encerra seu discurso fazendo um apelo pessoal ao rei, para que ele interceda junto a seu genro, Jorge de Osório, que se encontrava preso na ilha de São Tomé. A carta de Pero Vaz de Caminha é de um valor histórico incalculável! É com ela que hoje podemos saber uma série de elementos sobre a situação do Brasil a época do descobrimento, como é o caso do comportamento dos índios. A simpatia inegável que Caminha revela pelos primeiros habitantes de nossa terra permite-nos vê-lo como um exemplo do humanista da época, intelectualmente curioso e tolerante com os costumes diferentes dos seus. Seu senso de observação e sua capacidade de narrar também não são menos digno de elogios. Caminha é tão honesto na observação dos fatos, que relata na carta, as dúvidas que porventura tenha tido. Enfim é um texto de imprescindível leitura para aqueleque queira entender o descobrimento do Brasil.
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