Memórias Póstumas De Brás Cubas
(Machado de Assis)
Sempre lembrando que Brás Cubas é um narrador de ótica própria, que deforma a história, vamos conhecê-la em alguns episódios significativos. No capítulo XI do romance ? o menino é o pai do homem ? Brás Cubas relata sua infância: cresci, naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Entretanto, tal ?naturalidade? é negada pelo próprio narrador, segundo o qual talvez os gatos são menos matreiros e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. O menino matreiro e inquieto, merecedor do apelido de menino diabo, maltrata os escravos, mente, esconde os chapéus das visitas, coloca rabos de papel em pessoas graves, puxa cabelos, dá beliscões, enfim, possui um comportamento maligno contando invariavelmente com a cumplicidade do pai e as orações inúteis da mãe. Sim, meu pai adorava-me. Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração, assás crédula, informa-nos Brás Cubas. O tio cônego também não obtém resultados quando critica esta educação baseada na superproteção paterna e na omissão materna. A mediocridade e a frouxidão do tio cônego, que entretanto, tinha virtudes exemplares, contrapõe-se à vida galante, à língua solta e às obscenidades do tio João, que tal como o pai mima o menino, ensinando-lhe muitas anedotas e malícias e, assim, conseguindo a sua preferência. Brás Cubas desenvolve-se neste contexto familiar que lhe favorece e justifica as traquinagens, e que prenuncia o adulto egocêntrico em que Se transforma, como ele mesmo reconhece irônica e criticamente em relação à própria educação, no capítulo mencionado. Na juventude, envolve-se com Marcela, uma cortesã espanhola por quem se apaixona mas que o ama durante quinze meses e onze contos de réis. Quando o pai toma conhecimento dos gastos do filho, manda-o à Europa para estudos aos quais pouco se dedica. Ao retornar, Brás Cubas almeja casar-se com Virgília, num negócio arranjado pelo pai, também preocupado em torná-lo deputado. Ambos os projetos falham: Brás Cubas perde a noiva e o cargo para Lobo Neves. Mais Tarde, quando suas intenções são de ser ministro, o que consegue é o amor adúltero de Virgília e, em vez do ministério, o cargo de deputado. Virgília engravida, mas o filho dela e de Brás Cubas morre antes de nascer, o que separa os amantes. Nhã-loló (Eulália), a noiva arranjada pela irmã ? Sabina ? morre vitimada por uma epidemia e Quincas Borba, seu colega de infância que se diz filósofo., rouba-lhe o relógio e desaparece. Retorna tempos depois, enriquecido por uma herança, devolve o relógio e mais tarde enlouquece. Assim, de fracasso em fracasso se conduz a travessia de Brás Cubas, personagem-símbolo da ironia machadiana quanto ao ideal burguês de ?vencer na vida ?, especialmente percebida através do humanitismo: teoria filosófica criada por Quincas Borba. Inventar um emplasto contra a hipocondria, um remédio miraculoso que curaria os males da humanidade, constitui a última tentativa de Brás Cubas, o seu último projeto ? sem sucesso como todos os outros ? ironicamente impedido pela morte do protagonista, que contrai pneumonia ao sair de casa a fim de patentear o invento.
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