O Sentido Da Vida E Das Coisas
(Onésimo Gomes)
Num pequeno planeta, como o asteróide do pequeno príncipe, não se perde de vista o sentido da vida. Pode-se limpar o planeta todos os dias para manter-se a existência de cada elemento nele arraigado e devidamente permitido. Até os sentimentos são vividos com intensidade quando as distâncias são pequenas. O gigantesco divaga, mas o pequeno condensa, resume tudo ao essencial. Foi por isso que o pequeno príncipe viu o pôr do sol quarenta e três vezes num só dia correspondente à terra. Quando a gente está triste demais, gosta do pôr-do-sol, declara o personagem inocente do livro infanto-juvenil, O Pequeno Príncipe, de Saint Exupéry. O amigo quer saber de tudo, por isso o pequeno encantador pergunta para que servem os espinhos. Consertando o avião, cansado, irritado com o parafuso, o piloto responde que espinhos não servem para nada. São pura maldade das flores. O príncipe rebateu dizendo que não acredita. As flores são fracas. Ingênuas. Defendem-se como podem. Elas se julgam terríveis com seus espinhos. A pequena criatura irritou-se. Certamente se lembrando de sua forzinha indefesa. Em meio à sua irritação contou que esteve num planeta em que havia um sujeito que nunca cheiro uma flor, nunca olhou uma estrela, nunca amou ninguém. Nunca fez outra coisa, senão somas. E todo dia repete: Eu sou um homem sério, e isso faz inchar-se de orgulho. Mas ele não é um homem; é um cogumelo. A seriedade das pessoas grandes as afasta da essencialidade do belo. Uma da lições mais fantásticas que se pode depreender do incrível texto de Saint Exupéry, é o sentido da unicidade do objeto amado, em meio aos milhares de objetos iguais. Ele é único. As semelhanças não igualam, são apenas semelhanças.O personagem conclui: Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para que seja feliz quando a contemplar.
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