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Xanadu Meu Amor
(Maria José Camecelha)

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Sem dúvida que Orson Wells é um génio. Filmes excessivos, como Citizen
Kane, provocam uma objectualização que produzem uma alternância de
sentidos, aparentemente aleatórios, introduzidos em certa medida pelo
discurso jornalístico, ele próprio distante do objecto
que narra: Xanadu - a história da casa e Kane - a história do homem. A
tónica colocada na impossibilidade de uma única história é uma obsessão
patente ao longo do filme. A história começa quando alguém a começa a
contar - o que é uma instância que, automaticamente, pela forma como
esta referência é construída, coloca todo o filme num
tempo presente.
Estes sentidos vão multiplicar-se, agregando-se e
desagregando-se.Um espaço único Xanadu - do qual não Se conhece senão
a fachada e algumas salas - corredores imensos e labirínticos, do qual não se
sabe o centro vai dissiminar-se e diluir-se em vários outros espaços,
associados por sua vez a sons diversos. O silêncio da Fundação, o ruído do
Jornal, o silêncio do Bar de Susan, etc. Digamos que cada pequeno espaço
mostrado, a partir do documentário inicial vem, ele próprio, tornar-se numa
peça dos imensos puzzles de Susan (a segunda mulher de Kane), que ela faz
e refaz em silêncio.
O enigma de Rosebud não tem outra resolução se não provocar uma nova
procura, um novo movimento 'qu'est-ce que c'est? ou qu'est-ce que ce mot
signifie?)' desdobrando-se pelas várias personagens, permeáveis a um
tempo que por elas passou e que lhes deixou marcas, constituindo cada uma
delas, personagens, a impossibilidade aparente e efectiva de reconstituir,
através da palavra expressão da memória, o que aconteceu na verdade.
Esta ideia de uma enigma labiríntico, presente ao longo de todo o filme, é
também uma hipótese a explorar em Arkadin ou Journey into Fear. Cada uma
das personagens é detentora de um segredo, que vai arrastar outros. Levado
ao extremo em Arkadin, quem sabe da vida dele é aniquilado, tornado uma
peça duma engrenagem que devora o passado e que simultaneamente vai
submergir também neste percurso.
Arquitectura de um espaço quase barroco, do ponto de vista em que a
imagem - quer a em profundidade, quer a em sucessão de curtos planos
provoca como que uma aparente desordenação, uma desordem inerente,
como por exemplo em Arkadin, com a utilização de grandes angulares, que
transformam por exemplo o olho da personagem no local para onde
converge a imagem.
Labirinto de encontros e desencontros, que não têm formulação possível
senão enquanto acontecem.
No filme O Processo, por exemplo, a curiosidade de K, no escritório do
Grande Advogado, é despoletada pela Criada (personagem desempenhada
por Romy S,) deste, que lhe diz ser detentora de um segredo. E toda a acção
se vai concentrar, expectante, no que é esse segredo. E ela mostra-lhe a mão
palmípede.
O que esta cena pode exemplicar, para além do que atrás foi dito, é que por
detrás de uma inquietação há sempre outra, que não resolve a primeira. A
espera, que pressupunha uma resolução, um sentido para o segredo, é
substituída por uma nova, ainda mais impossível de ser descodificada, em
presençaque é a apresentação da mão.Há uma possibilidade bastante clara de
agupar uma ideia comum a todos os filmes de Wellsque é, por um lado, a
concentração, através de um processo de inquietação (e por que não
suspense) da cena no presente, sugerida em parte pelo atrás descrito e, por
outro lado, o perpassar de um segredo, um enigma que está latente na
própria estrutura do filme, e que nunca é completamente resolvido.
Como exemplo, recorde-se a cena da Lady From Shangai, em que O'Hara (o
marinheiro irlandês), conta a história dos Tubarões. Inicialmente definiu-se
uma situação em que o discurso é entrecortado por coisas não ditas, apenas
formuladas: por que razão Elsa casou com Bannister, qual a relação entre
Grisby e Bannister. Estamos num limite. Pode pensar-se: 'agora é que vamos
fsaber, agora é que vamos ficar com o domínio da história'. Mas mais
uma vez, tal como no início do filme, em que sabemos que Elsa poderá ter
estado em Shangai, a história esperada não vai existir, sendo acrescentado,
com a descrição da cena dos tubarões, mais um indício.
Neste filme, o acrescentamento sucessivo de sentidos, não só em relação a
Shangai (com o aparecimento de chineses e o colocar da cena final no
Parque de Diversões de China Town) - que se liga à >personagem de Elsa,
como aos vários indícios de crime e mesmo à possível explicação para a
figura do marinheiro, são momentos independentes uns dos outros, mas ao
mesmo tempo indissociáveis.
Xanadu, meu segredo, meu amor.



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