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TÚPIRAÇABA(TRAÍRAS)
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TRAIRAS

Quem conhece Tupiraçaba? Traíras? É um nome esquecido que ainda vive na memória de alguns e de poucos habitantes que insistem em ficar sob as ruínas dos velhos casarões.
O português Manoel Tomar fundou o arraial onde encontrou ouro em abundancia no rio Traíras, daí o nome o povoado, que depois passou a se chamar Tupiraçaba, nome que nem mesmo alguns moradores tem conhecimento. Isso no ano de 1735, que se tornou o centro da mineração goiana, chegando mesmo a hospedar D. Pedro II, o qual despachou na cidade por 24 horas. Na época circulavam por lá quinze mil garimpeiros.
Traíras hoje guarda a lembrança de momentos dourados. A casa onde Dom Pedro se hospedou já caiu a metade, o restante pende para o fim, se não forem tomadas providencias urgentes. Dona Nica mora na casa e assim a protege na luta contra o tempo.
O Cartório Civil é hoje residência, onde o morador tenta conservar intactas as paredes, o telhado, porque espera receber uma recompensa por isto, senão já a teria derrubado. As mangueiras no quintal têm um porte frondoso que abriga historias de 270 anos de existência.
As grandes construções de pedras foram depredadas na busca de ouro enterrado, ainda resistem algumas paredes e os velhos casarões que resistem ao tempo, onde algumas famílias habitam, escorando as paredes, o telhado, porque esperam receber alguma indenização do governo por conservarem esses monumento.
A antiga igreja construída pelos escravos só resta uma parede que o tempo e nem os caçadores de tesouros enterrados conseguiram derrubar: é uma construção com paredes de mais de meio metro de espessura que resiste em meio ao matagal e à curiosidade de muitos. Seu Chico diz ter encontrado no solo desta igreja um mascara de ouro e a vendeu para um senhor de Brasília. Ele guarda os ferrolhos da antiga cadeia publica, onde hoje no local existe uma quadra de esportes. Segundo seu Chico a cadeia foi queimada com os presos dentro no ano de 1910. A forca foi destruída pelos moradores.
O cemitério que antes era a primeira igreja de Trairas, a igreja do Senhor Bom Jesus, é um local abandonado, ainda se lê em algumas das lápides datas como 1830, 192o, etc. não existe nenhum nome do capitão Sarzedas, que segundo a historia foi enterrado neste cemitério.
Os moradores dizem que ainda encontram ossadas humanas por todo o povoado. Sempre que alguém cava em algum lugar, é possível se encontrar uma. Seu Chico diz que há uns 20 dias atrás foi fazer um buraco no quintal e encontrou pedaços de esqueleto humano, enterrando-os novamente. Ele conta que sua amiga sonhou que tinha um ouro enterrado na antiga igreja do Rosário e por isso foram lá cavar. À medida que foram cavando foram se descobrindo quadrados de aroeira com números em seqüência, ele desenterrou o n.º 17, tal qual não foi sua surpresa, ao ver que o tesouro enterrado consistia em ossadas humanas.
Quanto à Igreja do Rosário, essa atingiu o clímax da depredação. Só existem algumas paredes de pedra, os moveis, baús, santos, sino, foram levados para a cidade de Uruaçu. Os moradores contam que havia até um baú com coroas de ouro e pedras preciosas, quatro castiçais de ouro, imagem de Nossa Senhora da Conceição. Esse caixote possuía três travas de ferro, uma chave enorme, era necessário a força de 3 homens para abri-lo. Um senhor de 80 anos que cuidava da igreja passou mal logo após os bens serem retirados e morreu.
Essa igreja foi tombada pelo IPHAN e como o tombamento ficou só nos papeis, o que funciona dentro dela é um chiqueiro de porcos. Essa igreja foi depredada em 1966.
São muitas historias, às vezes fantasiosas como a do ouro que corre nas ruas após as chuvas, mas todas guardam um fundo de verdade.
No povoados não há escolas, hospitais, farmácias, os habitantes mais ou menos uns 120 vão a Niquelândia (10km) a pé ou de carona, quando passa algum carro por lá.
O sonho dos moradores é de que o patrimônio seja restaurado, eles teimam em morar lá na esperança de que um dia as autoridades reconheçam o valor histórico do lugar e preservem o resto dessa grande riqueza cultural que aos poucos está desaparecendo, se não fosse o empenho dos moradores, já não existiria nenhuma parede de pé.
A história de Traíras retrata bem o descaso brasileiro quanto à preservação dos monumentos culturais do país.
Este povoado guarda marcos do inicio da colonização de Goiás e tem sob suas ruínas historias que um dia poderão servir para o resgate de nossas verdadeiras raízes.
Que as autoridades competentes se conscientizem e que sejam tomadas providencias urgentes para se resguardar o resto da memória desse patrimônio que é também a memória do Estado de Goiás, da historia do Brasil e do mundo.



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