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Construindo Identidades
(Cybele Meyer)

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Hoje em dia é muito comum pais e professores comentarem sobre crianças hiperativas.
Na verdade hiperatividade é o assunto da moda.
E por estar em moda está sendo aplicado em demasia.
Qualquer criança “levada”, bagunceira ou até mesmo desobediente está sendo rotulada como hiperativa.
Aquela criança que não fica parada um único momento, que em sala de aula senta e levanta o tempo todo, aponta o lápis inúmeras vezes, fala com o amiguinho da frente, vira para trás, “cutuca” o colega do lado, ou mesmo quando está em casa, pula no sofá, escala o batente da porta, dá cambalhota ou vira estrela, corre do quarto para a sala, da sala para o quarto e assim por diante, é tida como “hiperativa em potencial”.
Aí então perguntamos: “Tem algo errado com esta criança?”.
Na verdade o que esta criança faz hoje é o mesmo que as crianças de 30, 40 anos atrás faziam, só que naquela época elas faziam tudo isso enquanto brincavam na rua, longe dos olhares das mães. Elas corriam, pulavam, brincavam e quando voltavam para casa, imundas, recebiam o rótulo de “criança saudável”.
Toda esta energia despendida era sinal de saúde.
Hoje, como as nossas crianças estão impossibilitadas de brincar na rua, ficam correndo em volta das mesinhas da sala, ou pulando de um sofá para o outro e então são tidas como crianças “hiperativas”.
Que contraste não! A criança saudável de ontem é a criança hiperativa (doente) de hoje!
E com toda a atenção voltada para estas crianças “levadas”, ninguém tem olhos para aquela criança comportada, obediente, estudiosa, que sempre deixa seu quarto arrumado, que guarda seus brinquedos, enfim aquela criança exemplar!
Com certeza ela é aquela que sempre recebe um afago na cabeça acompanhado de um elogio: - Que comportada! - Que educada! - Que ordeira! E só!
Vocês já imaginaram que carga pesada estas crianças carregam em seus ombros?
As crianças com energia infindável acabam por atrair a atenção dos adultos constantemente, pois estão sempre “aprontando” alguma coisa e a intervenção destes se faz necessária.
Já a criança comportada se sente com a responsabilidade de não decepcionar o adulto que a elogia. Se em algum momento ela comete um deslize, natural em qualquer criança, imediatamente aparece alguém para dizer: - Não acredito que você fez isto! Logo você que é tão...
Como será que estas crianças estão construindo suas identidades?
Será condição “sine quan non” chamar constantemente e atenção dos adultos com o objetivo de construir sua identidade?
A criança que concentra energia demais tem como meta de comportamento atrair a atenção do adulto que lhe é mais próximo. Caso este a ignore ela irá aumentar o ritmo do seu comportamento até alcançar seu objetivo, ou seja, chamar atenção.
Se em razão deste comportamento acabar sendo castigada ou recebendo outro corretivo qualquer, na verdade, terá um peso menor. O que realmente importa é o fato de ser o centro das atenções.
O mesmo acontece com a criança “exemplar”, ela necessita muito do elogio.
Este é o seu maior objetivo. Irá cada vez mais, se desdobrar em afazeres para ser elogiada. Caso, em algum momento, não o receba, ficará imensamente sentida, magoada, pois na verdade ela tem uma preocupação muito grande em não decepcionar os que a rodeiam. Esta preocupação com o outro é constante. Caso ela não o agrade terá a sensação de que perderá o seu amor.
Vemos então que tanto um quanto outro necessita da interferência constante do adulto para se auto-afirmar.
E quando estiverem sozinhos? Sem ninguém por perto, como agirão estas crianças?
Como será que está a auto-estima destas crianças? Estarão elas construindo sua identidade?
Sabemos que não nascemos com nossa identidade formada. Ela vai se construindo à medida que vamos interagindo com o meio em que vivemos. Se a aprovação ou desaprovação dos outros é tão necessária, é porque não conhecemos a nós mesmos. Logo nossa identidade não existe.
Na verdade o que nós adultos temos que fazer é transmitir valores humanos para nossas crianças, propiciando assim, um autoconhecimento e conseqüentemente a construção da auto-estima.
Se a criança se conhece. Sabe do seu valor. Se acredita em si mesma, o elogio ou a crítica passa a ter importância secundária.
Temos também que enxergar os limites de cada um e não exigirmos mais do que eles podem dar. O simples fato de falarmos: - Eu sei que você é capaz! Tente e com certeza conseguirá! Poderá acabar ocasionando resultados negativos.
Se a criança não estiver preparada tanto na parte motora, psicológica ou emocional estas palavras de “estímulos” acabarão por imputar uma responsabilidade difícil de ser atingida, podendo ocasionar efeito inverso.
Enfim, temos acima de tudo que RESPEITAR o outro, seja ele criança “exemplar” ou “hiperativa” fortalecendo assim a construção da sua identidade.



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