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Raízes do Brasil
(Sérgio Buarque de Holanda)

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Sérgio Buarque de Holanda se tornou um clássico entre os pensadores que trataram da formação histórica e cultural do Brasil. Sua obra Raízes do Brasil, ao lado de Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, e O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, figura como uma das mais importantes para o entendimento da construção social do Brasil.

Holanda difere da perspectiva de autores como Freyre e Ribeiro, que enfatizam a importância da mestiçagem étnico-cultural para a configuração do povo brasileiro. Ele considera o elemento lusitano como predominante. Mesmo onde há mistura, esta teria sido devida mais a uma plasticidade portuguesa a adaptar e se adaptar a novos costumes do que a uma mescla de culturas. A seu ver toda a associação se deu com o predomínio e precedência dos colonizadores portugueses, perspectiva que diminui a grande importância dos outros elementos étnico-culturais, notadamente do aborígine nativo e do escravo africano.

O autor trabalha com dois tipos ideais de colonizador, que ele caracteriza pelas dualidades sugestivas o trabalhador e o aventureiro e o ladrilhador e o semeador. Os povos ibéricos, tanto portugueses quanto espanhóis, teriam sido, segundo Holanda, predominantemente aventureiros, ou seja, teriam feito uma colonização que primava pela exploração comercial das matérias-primas da colônia, não se preocupando tanto com o cultivo sedentário da terra que caracteriza a labuta do trabalhador. Os lusitanos teriam sido mais semeadores do que ladrilhadores, o que quer dizer que suas colônias não eram planejadas, eram de certa forma orgânicas. Diferente do projeto ladrilhador norte-americano e da América espanhola, onde se tratava de transpor a cultura da metrópole para a colônia, os portugueses se deixaram recriar sua cultura, tecnologia, arquitetura e urbanismo, adaptando-os, com improviso e com a mistura com as culturas nativas e africanas, à realidade da nova terra.

O povo brasileiro teria formado uma psicologia, em certos termos, trágica, realista, que aceita a vida como ela é, sem formar grandes ilusões nem imaginar grandes expectativas. Não haveria, assim, para esse povo, grandes motivações vocacionais no trabalho, que pode ser qualquer um, desde que traga dinheiro. Além disso, o brasileiro se caracterizaria, antes de tudo, por ser cordial, querendo isso dizer que suas relações com outros se dá pela cordialidade, sendo quase sempre pautadas pela aparência da gentileza, normalmente confundindo bons modos com boa índole. Até o intelectual brasileiro tenderia a misturar e sustentar opiniões diversas, muitas vezes contraditórias entre si, desde que pudessem se apresentar por palavras bonitas e argumentos elegantes.

Holanda equipara a colonização portuguesa, essencialmente comercial, com a colonização dos povos mediterrâneos antigos, principalmente fenicios e gregos. O autor lembra que a colônia brasileira ficou por muito tempo restrita ao litoral, e se refere ao caráter dos povos litorâneos, que, segundo ele, não se dedicam a atividades agrícolas e assim não desenvolvem costumes civilizados. Percebe-se que o teor de sua obra é elitista e eurocêntrico, beirando o racismo. Ao mesmo tempo em que louva o trabalho colonizador que trouxe a América à civilização de modelo europeu, lamenta que não tenham sido, de preferência aos ibéricos, os europeus nórdicos, notadamente os holandeses, a implantar na nova terra a modernidade. É notável que o autor se lamente do pouco caso dos portugueses e brasileiros pela autoridade e pela rigidez das hierarquias. Holanda é taxativo ao criticar o costume em que nomes de famílias nobres são adotados pelas mais diversas camadas da sociedade sem nenhum preconceito.



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