Dr. Agostinho da Silva nasceu há cem anos
(Manuel Augusto Dias)
O Dr. Agostinho da Silva nasceu há 100 anos
Pessoa muito singular que marcou o pensamento filosófico dos finais do século XX, em Portugal e no Mundo Ocidental. George Agostinho Baptista da Silva de seu nome completo, nasceu na 2.ª cidade portuguesa - o Porto, no dia 13 de Fevereiro de 1906. Filho de Francisco José Agostinho da Silva e de Georgina do Carmo Baptista da Silva faleceu em Lisboa, no dia 3 de Abril de 1994. Além de filósofo, foi um apreciado poeta e ensaísta. O seu pensamento combina elementos que vão do panteísmo ao milenarismo passando pela chamada ética da renúncia, declarando a liberdade como a mais importante qualidade humana. Agostinho da Silva é, justamente, considerado um filósofo prático e muito interessado na mudança da sociedade, pela via da racionalidade. Ainda bebé, mudou-se para Barca D'Alva (concelho de Figueira de Castelo Rodrigo), onde viveu até aos seus 6 anos. Regressa então ao Porto. Como já sabia ler e escrever, a mãe inscreve-o no ensino primário (Escola de São Nicolau). Aos 8 anos de idade faz o exame da 4.ª Classe e ingressa na Escola Industrial Mouzinho da Silveira. Aos 10 anos frequenta o Liceu Rodrigues de Freitas. Em 1924, entra para a Faculdade de Letras do Porto para tirar o Curso de Românicas mas, transfere-se, no mesmo ano lectivo, para Filologia Clássica da mesma Faculdade. Concluída a licenciatura, começa a escrever para a revista “Seara Nova”, colaboração que manteve até 1938. Em 1929, defende a sua dissertação de doutoramento com o título: O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas. No ano seguinte frequenta a Escola Normal Superior de Lisboa e, em 1931, parte como bolseiro para Paris, onde estuda na Sorbonne e no Collège de France. Dois anos depois, regressa a Portugal e é colocado no Liceu de Aveiro como professor, onde lecciona durante dois anos, até 1935, ano em que é demitido do ensino oficial por não ter assinado a Lei Cabral, que era obrigatória para todos os funcionários públicos, declarando por escrito que não participavam em organizações secretas. Nesse mesmo ano consegue uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores de Espanha e vai estudar para o Centro de Estudos Históricos de Madrid, mas em 1936, devido à iminência da Guerra Civil Espanhola, regressa ao seu país. Em 1939, funda o Núcleo Pedagógico Antero de Quental, e, no ano seguinte, publica Iniciação: cadernos de informação cultural. Quatro anos depois é preso pela polícia política (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), abandonando o país no ano seguinte. Foi viver para o Brasil, onde permaneceu vários anos. Em 1945, abandona o Brasil e instala-se no Uruguai; no ano seguinte, vive na Argentina e, em 1947, regressa definitivamente ao Brasil. Instala-se em São Paulo mas, em seguida, fixa-se na Serra de Itatiaia, para, no ano seguinte, abandonar a Serra e se instalar no Rio de Janeiro. Em 1948, começou a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudando entomologia, e, em simultâneo, desenvolve a actividade docente na Faculdade Fluminense de Filosofia. Colabora com Jaime Cortesão na pesquisa sobre Alexandre de Gusmão e, de 1952 a 1954, ensina na Universidade Federal da Paraíba (em João Pessoa (Paraíba) e em Pernambuco. É um dos fundadores da Universidade de Santa Catarina, e, em 1959, o Centro de Estudos Afro-Orientais, e ensina Filosofia do Teatro na Universidade Federal da Bahia; em 1961, torna-se assessor para a política externa do Presidente Jânio. Em 1962, participa na criação da Universidade de Brasília e aí funda o seu Centro de Estudos Portugueses e, dois anos mais tarde, em Cachoeira, cria a Casa Paulo Dias Adorno (para além de ser um Centro de Estudos - extensão do Centro de Brasileiro de Estudos Portugueses da Universidade de Brasília - é também uma escola) e projecta o Museu do Atlântico Sul em Salvador. Em 1969, por ser contrário aos regimes ditatoriais, sai do Brasil e regressa a Portugal, onde assiste à abertura política e cultural do regime marclista. Já depois da Revolução dos Cravos, Agostinho regressará ao ensino. Leccionou em várias universidades portuguesas, dirigindo o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e foi consultor no Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (actual Instituto Camões). Nessa altura é reformado pelo Governo Brasileiro. Só mais tarde, o Governo de Portugal lhe restituirá os retroactivos referentes aos anos da Ditadura. Contudo, sem preocupações de ordem financeira, viaja, escreve, recebe medalhas e títulos, participa em programas de televisão, é reconhecido filósofo popular, mas, na sua perspectiva, é o tempo que se ocupa da sedimentação da futuridade. Morre em Lisboa, no dia 3 de Abril de 1994 (vai fazer 12 anos).
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